Na opinião do venerando chefe de Estado, os incêndios são momentos "de aprendizagem" apesar de, aparentemente, ele não ter aprendido nada entre 2016 e este Verão, altura aquela em que jurou ir "estar atento às medidas para fazer face às consequências dos fogos".
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Pode ser que mais uma curta "estação no pós-inferno" balnear fluvial o ajude na "autoformação". Não é, porém, Marcelo que me incomoda. Marcelo é apenas mais um PR a sentir na pele os gloriosos efeitos da revisão constitucional de 1982 - na qual participou directamente pelo lado do Governo Balsemão como ministro dos Assuntos Parlamentares - e que "libertou" os executivos da responsabilidade política diante do presidente. Incêndios trazem a funesta Autoridade de Protecção Civil à tona para fazer o que ela sabe fazer melhor em mau: propaganda. Preside à coisa um general reformado que, nos idos socráticos, foi comandante-geral da GNR pela mão do então MAI, e actual primeiro-ministro, António Costa, que o devolveu, em péssima hora, ao activo. Mourato Nunes, de sua graça, apareceu fugazmente à hora dos telejornais. E esfumou-se. Depois veio a simpática e ginasticada Patrícia. O MAI propriamente dito, Eduardo Cabrita, rematou o elenco para tentar explicar o inexplicável que este jornal, em missão de autêntico serviço público de informação, explanou. Aludo ao miserável episódio das "golas inflamáveis" que, segundo a Autoridade, serviam para "treinamento". A coisa resume-se em duas linhas. A empresa fornecedora da "gola" foi adjudicada directamente pelo Estado, pouco importa se pela "autoridade", se por um secretário de Estado de Cabrita. Em comum, o PS: no Governo, no gabinete de Cabrita, na "autoridade", na adjudicação, no vendedor da aldeia de Fundos, na "investigação" da IGAI, mandada fazer a todos eles, por...Cabrita. A "gola" custou ao contribuinte pelo menos o dobro do custo de mercado. A empresa dá pelo lindo nome de Foxtrot. O objecto social consiste em "turismo de natureza", palavra de honra. Este jornal demonstrou que as golas antifogo não serviam rigorosamente para nada. O que fez Cabrita? Agarrou-se furiosamente aos microfones que os jornalistas lhe estenderam, revirou os olhos de fúria e, em "off", apelidou-os de "cobras". Cabrita não estava minimamente preocupado com a matéria combustível das "golas" da camarada de Fundos. Não queria, de todo, era que se soubesse serem combustíveis. Alguns escribas complacentes com a "situação" descobriram entretanto que uma maioria absoluta do PS é combustível. O próprio Rio, um dos maiores crentes em Costa, vacilou: "é mesmo verdade?". É, infelizmente.
*JURISTA E MEMBRO DO PARTIDO ALIANÇA
O autor escreve segundo a antiga ortografia