Hoje, também cada um de nós devia receber uma medalha. E podiam ser distribuídas por várias modalidades.
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Medalha pela paciência que tivemos em entender e adaptarmo-nos às sucessivas regras e exceções ditadas pela anormalidade da nova normalidade. Medalha por sabermos exatamente a que horas fechava o supermercado, o restaurante e o café. Medalha por superar a nossa ansiedade, e a dos nossos familiares, enquanto esperávamos pela sms que confirmava o dia da vacinação. Medalha por ir a correr para casa antes das 23 horas (para aqueles que correram). Medalha por conseguirmos marcar um teste rápido de antigénio numa das farmácias que preveem a comparticipação a 100%. Medalha por superar a doença e aguentar quarentenas. Enfim, tantas mais medalhas haveria para distribuir.
Já próximos desta etapa de liberdade parcial, onde, tal como nos atos eleitorais, quase todos os atores políticos irão reclamar vitória, há um dado objetivo. Ter um pouco mais de liberdade não significa menos riscos. O plano de vacinação avança, mas o vírus também, assim como a imprevisibilidade das suas variantes.
Há mais provas a superar. Distribuir de forma transparente a bazuca em benefício do país, mas sobretudo das empresas que ainda podem salvar postos de trabalho. Recuperar a saúde pública. Recuperar a saúde mental.
Garantir também que as ferramentas disponíveis para este desconfinamento 2.0 funcionam de forma eficaz e com segurança. Chegados ao momento do uso generalizado do certificado digital, não é possível que a aplicação móvel que o lê seja errática ou vulnerável. O Governo teve muito tempo para o evitar. Teve também muito tempo para encontrar soluções que respondam às críticas e exigências dos empresários da restauração e hotelaria.
Esta nova fase do país poderá parecer tão estimulante como o agosto que se aproxima. Mas em pré-época de eleições, poderá ser mais difícil atribuir medalhas.
*Diretor-adjunto