Quatro anos depois, Chico Buarque recebeu o Prémio Camões das mãos de Lula da Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, após Bolsonaro se recusar a entregá-lo. Chico agradeceu por não ter sido "sujado" com a assinatura de Bolsonaro, deixando o espaço em branco para o futuro.
Corpo do artigo
Como uma profecia que se cumpre, a entrega do Prémio Camões a Chico foi o momento mais simbólico da cúpula que reuniu os governos de Portugal e Brasil sete anos depois, mas possui uma importância ainda maior.
É maior do que a celeuma causada pelas declarações polémicas de Lula sobre a guerra da Ucrânia. É maior do que as manifestações que a extrema-direita portuguesa prometeu grandiosas, mas acabaram sendo insignificantes.
É maior do que a importância do extraordinário aumento de imigrantes brasileiros em Portugal que está mudando a demografia - e talvez a cultura - do "velho" país europeu. É maior do que as palavras de simpatia e colaboração trocadas durante os três dias em que Portugal e Brasil se tornaram um só.
É maior do que as múltiplas palestras da Casa da América Latina em Lisboa, os diálogos Além-mar do Fórum de Integração Brasil Europa ou o Projeto de Cidadania da Língua da Associação Portugal Brasil 200 anos.
É maior do que o sucesso que as duas delegações obtiveram ao assinar 13 acordos bilaterais específicos que elevam a nossa relação a outro patamar.
Esse momento mágico, longamente refletido nos múltiplos espelhos do Salão dos Atos do Palácio Nacional de Queluz, onde D. Pedro I nasceu e morreu 34 anos depois de ter transformado o mundo, tem uma importância ainda maior.
Ele coloca-nos num tempo onde tudo parece ser novamente possível, numa nova era de juventude.
Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos