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Realizou-se mais um Encontro de Outono do Grupo de Reflexão SK -Sharing Knowledge, na Universidade de Coimbra, que juntou vários académicos e gestores do país para debater o tema muito atual dos Desafios que se colocam à Universidade.
A empresária e gestora Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive, destacou na sua intervenção inicial o grande desafio que a Universidade tem pela frente de criação de valor para a economia e a sociedade e de saber integrar nos seus projetos os representantes das empresas, como a que gere e que tem uma colaboração muito ativa com vários centros de inovação.
Mas para que a Universidade crie mais valor será necessário, segundo Maria Manuel Leitão Marques, académica e política, evoluir ao nível do seu modelo de governance e de propostas de conteúdos pedagógicos - a inovação tem que ser a sua Marca para o futuro. São muitos os exemplos de empresas de sucesso ligadas à Universidade. Paulo Barradas, fundador e CEO da Bluepharma, empresa de referência na área da saúde, foi claro nas crescentes dificuldades que os custos de contexto levantam à gestão empresarial e deu nota do importante papel que no seu caso a permanente ligação aos centros de inovação tem para dinamizar o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Por isso, segundo Luís Ramos, da UTAD, a Universidade terá que se reinventar no seu modelo de organização interna e de construir novas pontes de cooperação inteligente com os seus diferentes parceiros. Num mundo o incerto e complexo, a Universidade terá também segundo a Embaixadora Ana Martinho, que reforçar as suas Alianças a nível internacional, reforçando as suas redes de cooperação inteligente com parceiros que possam acrescentar valor. Esse tem sido muito o trabalho da Universidade, segundo deu nota a vice-reitora Joana Resende, responsável pela Aliança Europeia que tem permitido às nossas universidades o desenvolvimento de inúmeros projetos com grande impacto na economia e na sociedade.
A Universidade tem que se assumir como o ponto de partida e de chegada de uma nova dimensão da competitividade no país. Assumido o compromisso estratégico da aposta na inovação e conhecimento, estabilizada a ideia coletiva de fazer do valor e criatividade a chave da inserção das empresas, produtos e serviços no mercado global, compete à Universidade a tarefa maior de saber protagonizar o papel simultâneo de ator indutor da mudança e agregador de tendências. Ou seja. Há um ponto de partida na necessidade da Universidade vir ao mercado libertar conhecimento aproveitável na consolidação de valor, mas há também um ponto de chegada no estatuto da Universidade como ator socialmente reconhecido na mudança necessária.
A Universidade tem que se assumir em Portugal como um ator global, capaz de transportar para a nossa matriz social a dinâmica imparável do conhecimento e de o transformar em activo transaccionável indutor da criação de riqueza. Para isso, a Universidade tem que claramente, no quadro dum processo de reorganização interna em curso, que assumir na sua plenitude a pertinência duma aposta consolidada nos três T que configuram a sua distinção estratégica - Tecnologia, Talentos e Tolerância. São estas as variáveis em que a Universidade, no seu processo de reorganização estratégica, deverá claramente apostar, fazendo delas o motor da reafirmação do seu papel no seio do país.