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A Organização Mundial de Saúde define como estratégia para a Saúde Digital 2020-2025 a promoção de uma vida saudável e de bem-estar em todas as idades e em qualquer lugar, visando adaptar os cuidados de saúde às possibilidades que a tecnologia atualmente oferece.
Nos últimos anos têm-se vindo a registar, no setor da saúde, avanços tecnológicos significativos que estão a transformar a forma como os profissionais prestam cuidados e como os pacientes interagem com este sistema.
Um dos desenvolvimentos mais notáveis que se aguardam será o da implementação do Registo Único Eletrónico do Processo Clínico, uma solução tecnológica que promete revolucionar a gestão da informação médica. Trata-se de um sistema eletrónico de registo e gestão de informações médicas de pacientes, que possibilitará que médicos e outros profissionais de saúde registem, acedam e partilhem informações médicas de forma rápida, eficiente e segura. Ao Estado caberá criar as condições que permitam que cada pessoa venha a recorrer ao prestador de cuidados de saúde que melhor resposta lhe possa assegurar, independentemente de ser público, privado ou do setor social.
A melhoria na qualidade dos cuidados de saúde será uma consequência natural, devido à disponibilidade imediata de informações precisas sobre o histórico médico do paciente, que propiciará tomadas de decisões mais informadas e personalizadas, diagnósticos mais rápidos e precisos, tratamentos mais eficazes e ainda uma menor probabilidade de erros médicos. Os cidadãos, por seu lado, poderão aceder às suas próprias informações médicas, podendo rever os registos, compreender melhor as terapêuticas e tomar decisões informadas quanto ao seu tratamento.
De destacar que o enorme número de dados que a saúde produz atualmente - estima-se que cerca de 30 % do volume de dados a nível mundial é gerado pelo setor da saúde - permitirá a Portugal potenciar a sua aposta na investigação científica.
No dia 2 de outubro serão apresentadas as quatro Agendas Mobilizadoras para a Saúde. Calcula-se que hoje em dia mais de cinco milhões de portugueses tenham um seguro privado ou um subsistema de saúde.
Uma das apostas fundamentais da digitalização no sistema de saúde deve ser a criação de um registo de saúde único, num país em que uma percentagem muito significativa da população navega entre o sistema público, privado ou social.
É já no próximo dia 15 de novembro que a Convenção Nacional de Saúde irá debater este tema.
*Médico