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Um leitor alertou-me para o abandono, decadência, despovoamento e tudo quanto desvaloriza a Rua 31 de Janeiro. Assim, ou como Santo António, seria a mais selecta, cosmopolita e com o comércio mais diversificado do Porto, a partir dos meados de oitocentos até à agonia da Baixa, pelos anos 70 e 80 de novecentos.
Como foi possível chegar a tal estado, quando vemos a Cidade em transição da quase ruína para a requalificação urbana de inúmeras ruas? Um olhar sobre o que a rua foi e no que se transformou deixa-nos atónitos. Desde os Grandes Armazéns Hermínios (o fulgor e a elegância parisiense), às lojas A Camélia Branca, Alfaiataria Adolpho Vicente, Ourivesaria Reis, Costa Fraga & Filhos, Tabacaria Africana, Farmácia Central (famosa pelo Pornito Lencart), Casa Moreira de Sá, Emílio d’Azevedo Campos, Casa Lagoá, Electrónia Ldª, Luvaria Bonifácia, Au Printemps (flores artificiais), Livraria Internacional, Royal Hat Chapeleiros, Alfaiataria Afonso Brandão e muitos outros, até à modernidade da Livraria Portugália (depois VADECA) e à esplendorosa Galeria e Livraria Divulgação, 31 de Janeiro foi um mostruário de requinte.
Contei agora uns trinta e tal resistentes, entre a qualidade e as lojas de "souvenirs" que desqualificam o ambiente. Saúdo a coragem dos que procuram manter a dignidade comercial (como a Âncora) de uma rua emblemática e interrogo-me se, tal como existem planos para áreas a reabilitar, que surtiram o efeito pretendido, não haverá maneira de intervir na regeneração de ruas, conjugando o saber urbano, inventado e por inventar, ao serviço do Renascimento da Invicta.
O autor escreve segundo a antiga ortografia