<p> Como é sabido, a política é também a arte do possível. Nesse sentido, seria bom que, em qualquer ocasião, os diversos partidos acordassem de modo profundo sobre matérias de natureza económica e social. Esta constatação genérica tem ainda mais razão de ser numa altura de crise como aquela que vivemos.</p>
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É por isso mesmo que a inexistência de maioria absoluta encerra virtualidades que não devem ser menosprezadas. Nestas ocasiões é possível encontrar o melhor dos mundos: aquele em que as diversas tendências da sociedade encontram na sua diferença plataformas comuns que podem ser mobilizadoras. No platónico mundo das ideias isto é possível, mas como andará a realidade?
Infelizmente, e usando as palavras de Chico Buarque "eu quero lhe dizer que a coisa aqui está preta". E porquê? Pelas mais diversas razões. Em primeiro lugar, porque ainda está por provar que a postura do Governo seja de abertura real a propostas daquela oposição que defende o mercado, a necessidade de um sector empresarial forte, a competitividade fiscal, e o investimento público eficaz.
Por outro lado, a oposição à Direita está com duas posturas excessivamente distintas. O caminho das propostas claras e da transparência na postura negocial apenas tem sido seguido pelo CDS. A muito famosa "postura de responsabilidade" é essa, não é a de aparecer perante a Comunicação Social com um ar aprumado a dizer generalidades. Para além de se repetir insistentemente que existe um partido que é o maior "partido da Oposição", à Direita é preciso algo mais. É necessário perceber a importância do conceito de "cooperação estratégica", mesmo que tenha de admitir-se que o partido mais pequeno desse espaço tem sido mais responsável, eficaz e focado. Enfim, como acredito que a realidade está em constante devir, pode ser que a ficção passe a ser realidade.