Os jovens estão a sair do país e esta semana perdeu-se uma oportunidade para tomar medidas mais arrojadas para fazê-los ficar. O Partido Socialista chumbou a proposta de fixar a taxa máxima de 15% de IRS para jovens até aos 35 anos. E chumbou também, depois de ter viabilizado em março, a proposta para que o Estado desse uma garantia pública, que substituísse a entrada na compra de casa, para jovens até 35 anos, até um máximo de 10% do valor do imóvel, o que não poderia exceder os 250 mil euros.
Os discursos políticos até podem servir para demonstrar uma preocupação genuína com o êxodo de talento a que o país assiste. Mas não bastam. E, convenhamos, não é com um cheque-livro, viagens de comboio ou noites em pousadas em Portugal que vamos convencer um jovem a não emigrar. O problema é sério e não se compadece com anúncios de ocasião e meramente propagandísticos que em nada alteram as condições de vida em que vivem milhares de jovens. À falta de oportunidades no seu país, a solução é sair. Não é por isso surpreendente o resultado de um estudo de opinião realizado em julho último em que mais de metade dos jovens entre os 18 e os 34 anos a residir em Portugal admitia a possibilidade de trabalhar fora do país. Não é porque não queiram ficar, é mesmo porque não conseguem fazê-lo.
Seria, por isso, urgente que se enquadrasse este problema em todas as suas dimensões. A de perdermos uma geração altamente qualificada, a de condenarmos aquele que é um dos países mais envelhecidos do Mundo a continuar aceleradamente a sê-lo ou a de não sermos capazes de oferecer um horizonte de futuro e de esperança para os mais novos.
É também por estas razões incompreensível que o rolo compressor da maioria absoluta tenha servido por estes dias, uma vez mais, para esmagar propostas que pretendiam contrariar o cenário desolador de milhares de jovens. É urgente que estes jovens tenham mais rendimento ao final do mês e sejam criadas soluções para fazer face aos custos insuportáveis com a habitação. Infelizmente, esta foi mais uma semana perdida. Ao chumbar estas propostas que reduziam o esforço fiscal dos jovens e facilitavam o seu acesso à habitação, o Partido Socialista adiou, mais uma vez, a possibilidade de finalmente começarmos a responder ao sonho de milhares de jovens portugueses: poder ficar no seu país.
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