Uma visão metropolitana
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Passadas as eleições autárquicas e empossados os executivos municipais, importa refletir sobre a escala metropolitana, tema muito pouco escrutinado nas campanhas eleitorais onde a disputa se faz concelho a concelho.
No Porto, precisamos de uma verdadeira visão metropolitana. Os grandes desafios que marcam o quotidiano das pessoas, como a mobilidade, a habitação e o desenvolvimento económico, não se resolvem isoladamente em cada município. Exigem planeamento conjunto, cooperação e visão estratégica. Sem articulação metropolitana, não há verdadeiras mudanças em prol de maior qualidade de vida.
A mobilidade é o exemplo mais evidente: a rede de transportes não funciona como um conjunto de sistemas independentes. O metro e os autocarros precisam de um planeamento integrado, que promova o transporte público como primeira opção. O problema da VCI é o símbolo da necessidade urgente dessa intervenção e coordenação.
Na habitação é urgente um esforço conjunto. Precisamos de mais construção, mas também de equilíbrio territorial, para que a expansão urbana não agrave desigualdades ou crie densidade excessiva. É essencial construir habitação acessível em ligação com os eixos de transporte público, para garantir qualidade de vida.
De igual forma, o desenvolvimento económico necessita de articulação. À escala metropolitana criam-se ecossistemas empresariais, industriais e de inovação capazes de atrair, reter talento jovem e gerar riqueza. O território não é homogéneo e, como tal, a AMP será mais competitiva se for mais cooperante, coordenada e integrada.
Continuar a pensar só dentro das fronteiras concelhias é persistir numa lógica que fragmenta soluções e limita oportunidades. A AMP tem tudo a ganhar com uma estratégia comum forte, partilhada e articulada.

