Já se sabe desde Lipmann, que em 1922 detetou no seminal "Public Opinion" que as sociedades democráticas "têm a expectativa que os jornais lhes sirvam a verdade, por mais prejuízos que a verdade lhes dê".
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Existe, escreveu o autor, uma "crença antiga" segundo a qual os factos simplesmente existem no ar e que se revelam por si, sem esforço algum. "O cidadão paga pelo telefone, pelo comboio, pelo seu carro e pelo seu entretimento. Mas não paga pelas suas notícias". Muitos leitores não sabem que cada exemplar de um jornal custa muito mais a fazer do que o preço de capa. Esse desfasamento foi sendo (e muito) compensado pela publicidade. Fizeram-se grandes fortunas nos média no último século, embora a vasta maioria dos jornalistas tivessem permanecido apenas remediados.
A história, porém, não pára: o século XXI tudo mudou nos jornais e estes dois meses mudaram tudo ainda mais. A publicidade desapareceu e poucos conseguem ir comprar ao quiosque. Mas o pior são os que acham divertido roubar jornais e partilhá-los no WhatsApp. Deixo-lhes um apelo: na vida como nas redes, é preciso pensar antes de fazer. Se precisa de nos ler, compre ou assine. Se acha que assim o Mundo é difícil de compreender, imagine se não tivesse informação.
*Jornalista