Este fim-de-semana, os nossos emigrantes na Europa repetiram alegadamente o acto eleitoral de 30 de Janeiro. Digo "alegadamente" porque, talvez defeito meu, não dei por grande coisa sobre isto na comunicação social. O que se compreende. Temos estado demasiado ocupados com o nacionalismo alheio para acompanharmos os nossos lá fora. E estes também devem ter mais que fazer do que pensar no futuro imediato da pátria, devidamente acautelado pela inexpugnável maioria absoluta do PS e pelo presidente "de todos os portugueses".
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De facto, eles e nós temos agora mais em que pensar, se é que alguém consegue pensar na presente ecologia mundial. "Encore un effort", como dizia o outro. Os franceses, aliás, estão muito activos neste conflito no Leste euroasiático. Macron preside ao Conselho Europeu até Junho. É, simultaneamente, candidato às presidenciais francesas a decidir em Maio. A União Europeia foi recebida no fausto de Versalhes para discutir a crise geopolítica e humanitária em desenvolvimento. Uma crise com epicentro nos EUA (dos "faróis" Obama e Biden), na Federação Russa e na Ucrânia. Com inevitáveis consequências na Europa da União por causa das promessas ocidentais à Ucrânia e dos avanços da NATO, até às fronteiras dos russos, desde os anos 90. Não existe um único inocente político nesta matéria, salvo os que tombam sem ser em combate. O friso dos líderes europeus na escadaria do Palácio de Luís XIV é o friso da resignação impotente. Decidiram deitar dinheiro para cima do problema: para a Ucrânia, activamente, e para a Rússia, através das sanções. E congratularam-se pelo pedido de adesão do sr. Zelensky, sabendo que, nas circunstâncias presentes, os tratados impedem a menor veleidade de adesão. Para comissão de honra da recandidatura de Macron, não é mau. Para o que interessa, tenho dúvidas. Entendo-os. Armamento, só às escondidas e com os riscos associados, como se viu ontem a poucos quilómetros da fronteira polaco-ucraniana. Por outro lado, as sanções contra a Federação Russa farão, já estão a fazer, ricochete. Ou julgavam que a "globalização" era de borla? Macron, que fala praticamente todos os dias ao telefone com Putin, com certeza esclareceu os amáveis colegas do Conselho. A diplomacia prossegue o seu caminho de cruz. O das negociações. E o da guerra, com o seu habitual cortejo de abjecção. Nada que valha a pena dissimular com desconhecimento, falsidade, hipocrisia ou piedade insossa. Nem tão pouco atrás do biombo norte-americano, erguido pelos dois taralhoucos da presidência Biden, Deus os guarde. Zelensky não se equivoca. Sabe que tem de aguentar. Sozinho.
Jurista
o autor escreve segundo a antiga ortografia