Corpo do artigo
Separam-nos 300 e poucos quilómetros, cerca de três horas de viagem e uma imensidão de diferenças - culturais, sociais, políticas, empresariais. Mas sendo Portugal um país tão pequeno faz algum sentido que Porto e Lisboa estejam de costas voltadas? A resposta é claramente "não". Não somos um país rico, estamos longe disso, e não podemos dar-nos ao luxo de gastar tempo e recursos em polémicas estéreis, que só servem para manter a inércia que tanto prejuízo nos tem causado ao longo de décadas.
Há quem encontre no permanente confronto uma forma de se manter à tona da espuma dos dias. Mas, conhecendo como conheço as duas cidades, tenho sérias dúvidas de que alguém de bom senso ainda acredite nas virtudes de um Porto ensimesmado, provinciano, queixinhas e sujeito à caricatura fácil. Acredito, sim, num Porto crente nas suas capacidades, empreendedor, moderno, cooperante. E acredito que Lisboa faz, à sua maneira, parte desta equação.
Conheço há quase 30 anos o atual presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. Sei bem que corporiza um espírito de rigor e de exigência, aliás sempre evidente nos cargos públicos que exerceu. Admiro a sua tranquilidade determinada e a sua visão de modernidade.
Por isso e porque conheço igualmente de perto o caráter do presidente da Câmara do Porto, acredito que o caminho destas duas cidades estão condenadas a entenderem-se. A bem do país. É tempo de esbater rivalidades inúteis, de articular forças e vontades para fazer Portugal progredir. Parece paradoxal, mas a capital do país sofre do mesmo mal do Porto - Lisboa também é vítima de um Estado centralista, omnipresente e avassalador. É hora de enterrar um passado serôdio - geralmente com origem ou em consequência da degradante retórica futebolística -, que não interessa a ninguém. Procuremos a excelência na economia, na cultura, no turismo, na indústria, nas causas sociais e todos sairemos a ganhar. O país, principalmente. Mais ainda com Porto e Lisboa juntas.
Na última semana, tive a honra de ter sido eleito para um novo mandato à frente dos destinos da Associação Comercial do Porto. Liderar o verdadeiro senado da cidade é um desafio que me responsabiliza. Mas é muitas vezes a partir desta casa que o Porto e o Norte de Portugal se motivam e mobilizam. É através da Associação Comercial que continuaremos, associados e Direção, a servir com dedicação e empenho as gentes do Porto e do Norte de Portugal. Porque é essa a melhor forma de servir Portugal.
É tempo de esbater rivalidades inúteis [entre Lisboa e Porto], de articular forças e vontades para fazer Portugal progredir. Parece paradoxal, mas a capital do país sofre do mesmo mal do Porto - Lisboa também é vítima de um Estado centralista, omnipresente e avassalador
EMPRESÁRIO E PRES. ASS. COMERCIAL DO PORTO