A Madeira sofreu, este ano, duas grandes tragédias: as chuvas torrenciais de Fevereiro que causaram dezenas de mortos e avultados e irreparáveis estragos materiais e, agora, mais recentemente, em Agosto, os incêndios florestais que devastaram 11 a 15 % do território. A inusitada tempestade de Fevereiro pelos destroços que fez e as vidas que ceifou concitou enorme impacto na opinião pública portuguesa e internacional.
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O fogo que devorou uma vasta área das ricas florestas madeirenses, atingindo mesmo a consagrada Floresta Laurissilva da Madeira, eleita, no fim-de-semana passado, uma das sete maravilhas naturais de Portugal, não teve igual repercussão na esfera mediática e pública. Com toda a probabilidade, por não ter ocasionado, felizmente, mortes. Segundo alguns técnicos, a devastação causada e a situação daí derivada têm foros de uma ameaça que, num Inverno porventura rigoroso, pode trazer para aquela região e a sua população, transtornos incalculáveis. Ao ver aquela tão vasta área verde destruída, senti as serras do Pico Ruivo e do Pico do Areeiro reduzidas a uma inesperada "zona lunar".
Mas é bom que se recorde a Ilha não só pelas tragédias. Na passada segunda-feira, aconteceu, na Madeira, a cerimónia do início do ano académico para as universidades públicas portuguesas e da assinatura dos programas consequentes ao Contrato Confiança, firmados entre Governo e respectivas universidades. A escolha da UMA - Universidade da Madeira para local desta singular cerimónia foi feita pelo Conselho de Reitores, para assinalar a conduta exemplar que a UMA tem tido na aplicação das reformas nas estruturas e objectivos de desenvolvimento das universidades portuguesas. Esta distinção, concedida à universidade pública mais jovem e mais pequena do país consagra, efectivamente, o trabalho notável que o reitor e a sua equipa, acompanhados pelo corpo docente e discente e de funcionários, têm levado a efeito, conseguindo marcar lugar de notoriedade no espaço universitário nacional e na busca de uma configuração internacional que as ligações formais ao MIT e à Universidade Carnegie Mellon atestam.
Esta distinção realça um espírito de vitória sobre a insularidade. Mas traz responsabilidades a uma autonomia insular que recobre outros exemplos de pensar e realizar um país virado para os benefícios de um maior desenvolvimento.
P.S.: Declaração de interesses. Sou membro do Conselho Geral da UMA. Tal não ofusca o sentido do gesto do CRUP.