São duras as palavras da mulher do presidente ucraniano. Mas são realistas e dizem aquela verdade que muitas vezes não queremos aceitar. E são muito apropriadas numa altura em que os governos de vários países e instituições europeias tentam a custo minimizar os efeitos da crise económica que já se abateu sobre nós e que não irá dar tréguas, pelo menos, até aos primeiros meses do próximo ano.
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"Os preços também estão a aumentar na Ucrânia. Mas, além disso, as nossas pessoas estão a morrer. Por isso, enquanto vocês contam tostões nas contas bancárias ou nas carteiras, nós fazemos o mesmo, e contamos os mortos", disse, numa entrevista à BBC, a partir da capital ucraniana.
As declarações de Olena Zelenska têm um contexto. Durante a sua visita a Kiev, em agosto, Boris Johnson lembrou que a Europa terá de suportar o aumento do custo de vida, ao mesmo tempo que acompanha a Ucrânia na sua luta contra a Rússia.
Amanhã, António Costa irá apresentar um pacote de medidas para apoiar as famílias nas despesas com gás, eletricidade, combustíveis, alimentação e bens essenciais. Outros chefes de Governo já o fizeram, enquanto aguardam pelo plano que os ministros europeus da Energia irão tentar traçar no conselho extraordinário marcado para a próxima sexta-feira.
Fica a ideia de que pelo menos se tenta encontrar uma solução conjunta para a crise energética. Como fica a ideia de que, tal como aconteceu durante a pandemia, a Europa demora. Demora muito.
A ideia que não se pode esquecer é que depois de serem anunciadas todas as medidas de apoio às famílias, em Portugal e no resto do Mundo, há quem vá continuar a contar tostões, mas também mortos. Tudo na vida continuará a ser uma questão de perspetiva.
*Diretor-adjunto

