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Os episódios sucessivos na nossa Assembleia da República, evidenciam a degradação humana e política de um país que tanto lutou pela democracia e respeito pela diferença e, acima de tudo, pelos direitos coletivos.
Os mais idosos recordam-se dos tempos da sua infância, em que a ditadura instalava medo nas crianças e dava muito pouco às famílias. Havia fome, quase ninguém estudava, as mulheres existiam apenas para servir e as assimetrias sociais eram enormes.
No nosso país, a democracia iniciou tempos de liberdade e de direitos de expressão, de respeito pelos gostos individuais que não podemos perder. No espaço europeu, a segunda guerra despoletou a criação da União Europeia para melhor servir os interesses comuns de vários países. É certo que nunca foi perfeita, face a países com tanta identidade e às enormes diferenças entre os estados-membros, mas os nossos filhos cresceram nesse enquadramento de segurança a vários níveis e nunca souberam o que é viver uma guerra.
Hoje, vivemos num mundo em que a nossa democracia corre perigo, perdeu-se o respeito no parlamento, mente-se, discutem-se temas fora da missão e que em nada servem o bem coletivo. Entretanto, a União Europeia, hoje com falta de lideranças fortes, ficou ainda mais frágil com o Brexit e enfrenta uma possível guerra mundial a partir da Ucrânia, sob orientação desastrosa de Trump e Putin.
Só vejo um caminho. Educar os cidadãos, com seriedade, para a importância inequívoca da política na resolução dos problemas comuns e bem-estar dos cidadãos. Precisamos de uma Europa forte, democrática nas políticas e independente do exterior.
Nunca a literacia sobre política e cidadania foi tão urgente.