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Estamos numa das duas épocas do ano em que começam as notícias do encerramento de serviços hospitalares, nomeadamente em serviços de urgência, tendo como motivo principal o início do período de férias de verão, embora existam outras motivações que determinam a teimosa tradição dos cidadãos não terem os serviços do SNS ao seu permanente dispor, como obviamente devia acontecer.
Uma das realidades que Portugal vive há muitos anos é um défice na quantidade de formação de médicos, é uma inadmissível opção de não aumentar de forma relevante o número de médicos formados pelas universidades portuguesas, públicas e privadas, sabendo todos e há muito tempo da urgência de suprir essa necessidade.
Tivemos recentemente uma boa notícia: a Universidade de Aveiro teve a sua candidatura de um mestrado integrado em Medicina aprovada pela entidade que em Portugal faz a acreditação de cursos no Ensino Superior e vai iniciar o curso de Medicina no próximo ano letivo 2024/2025.
Finalmente. Depois de muitos anos de luta e de capacitação, a Universidade de Aveiro ganhou esse direito muito importante para Portugal, esperando que as universidades de Vila Real e de Évora, também envolvidas nessa aposta, consigam ter sucesso no futuro próximo, contribuindo para que Portugal tenha mais médicos ao dispor do SNS.
Mas é preciso mais. Muito mais.
Aumentar o investimento público nos edifícios e nos equipamentos hospitalares de forma relevante e por todo o país, aprofundar a integração da gestão dos cuidados primários e secundários com o fortalecimento do modelo das unidades locais de saúde, racionalizar os recursos humanos e materiais de forma adequada às realidades diferentes pelo país e ao longo do ano, definir de forma clara a relação do trabalho dos profissionais de saúde no SNS e que também trabalham no setor privado, acabar em definitivo com a hiperburocracia da gestão do SNS com excesso de entidades dispensáveis, como as Administrações Regionais de Saúde, entre tantas outras medidas a ponderar e a implementar.
Aguardando-se com expectativa a apresentação pelo Governo da sua reforma do SNS, há medidas que se tornam imperativas, sendo que uma reforma profunda do SNS como se exige tem de ter tempo para ser implementada e conseguir resultados positivos de eficiência e de elevação da qualidade e da permanência dos serviços prestados aos cidadãos.
É mesmo uma urgência a boa gestão e a reforma do SNS, com o empenhamento de todos os que dão contributos para a prestação de cuidados de saúde aos cidadãos, incluindo o contributo das universidades e das câmaras municipais, e sabendo aproveitar a qualidade que o SNS também tem.