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A entrada a conta-gotas dos camiões de ajuda humanitária pelo Sul da Faixa de Gaza, a explosão de um hospital que provocou centenas de mortos e milhares de feridos e a iminente ofensiva do exército israelita em território palestiniano põem em evidência a situação de total desamparo vivida pela população civil, que já não está segura nem nos locais que utiliza como refúgio. Daí uma urgência de negociar pela via diplomática, nem que seja para pôr fim às mortes inocentes em Gaza, em vez de contribuir para o aumento do número de vítimas e para um confronto prolongado na região com consequências incalculáveis. Aliás, a mesma urgência da diplomacia se deve aplicar à libertação dos reféns israelitas raptados pelo Hamas.
Enquanto dois milhões de pessoas em Gaza aguardam a anunciada invasão terrestre, as visitas dos pesos-pesados ocidentais a Israel multiplicaram-se nos últimos dias: Joe Biden, Rishi Sunak, Olaf Scholz, Von der Leyen e até António Guterres. Todos expressaram a sua solidariedade a Israel após o ataque selvagem de 7 de outubro e ratificaram o direito israelita à autodefesa, mas sublinharam a sua preocupação com a população civil palestiniana, que, juntamente com os israelitas assassinados e os reféns detidos pelo Hamas, é vítima inocente desta escalada.
Uma no cravo, outra na ferradura. Tem, por agora, sido a atuação dos aliados de Israel. Ou seja, não se comprometem e utilizam argumentos dúbios. Mas é urgente passar das palavras aos atos. Deve agir-se sem demora para evitar uma tragédia totalmente irreversível em Gaza, impedir uma escalada descontrolada na região e enfrentar uma situação que tem envenenado o Médio Oriente e a discussão política global há mais de meio século. E que do ponto de vista dos judeus até se pode considerar bíblica.