No sábado, na rede social Twitter, António Costa colocou uma série de fotografias de uns veraneantes a caminho da margem sul do Tejo. Os veraneantes eram o Governo. O dele.
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Todos descontraídos, alguns talvez mesmo de alpercatas e sapatilhas, iam então a caminho do Alfeite. Tratava-se de uma daquelas reuniões "extraordinárias" do Conselho de Ministros, "descentralizada" e fresca, desta vez na Base do Alfeite. Percebeu-se pelo comentário eloquente de Costa às fotografias, que passo a citar: "Tivemos hoje uma intensa jornada. A reunião informal de Ministros, que decorreu na Base Naval do Alfeite, foi extremamente útil e produtiva". Uns dias antes, no Parlamento e sobre o "estado da nação, curiosamente o Governo apenas conseguiu demonstrar que a sua maioria absoluta nada tem tido de "útil" e de "produtivo" para o país. Pelo contrário, e como escreveu Rui Ramos no "Observador", Costa e os seus veraneantes pararam em 2012. Isto é, cada vez que é confrontada com a sua inépcia geral - e são praticamente já sete anos dela -, a trupe reage com a austeridade a que o último Governo de Sócrates deu azo e que teve de ser gerida, juntamente com três organismos internacionais, pelo Governo de Passos Coelho. Para a malta da Base Naval existe uma espécie de interdito (PS e Sócrates, entre 2005 e 2011), permanentemente rasurado, e a salvação da pátria a que eles procederam a partir de 2015-2016, quando regressaram ao poder que lhes foi deixado em condições tais que permitiram todos os brilharetes, os sérios e os dissimulados, que quiseram mostrar. Estes "úteis" e "produtivos" veraneantes conseguiram a proeza, entre outras, de já só nos faltar "ultrapassar" a Letónia, a Croácia, a Eslováquia a Grécia para sermos os piores da UE em PIB "per capita". Costa tem razão. Espera-os uma "intensa jornada". Para o ajudar politicamente, porém, o secretário-geral do PS colocou à frente da Assembleia da República o seu Trotsky do Porto, Augusto Santos Silva. Santos Silva ofusca - como na altura ofuscava, enquanto ministro dos Assuntos Parlamentares de Sócrates, Alberto Martins, o líder parlamentar, a quem ele dava ordens sussurrantes pelo telefone da bancada em frente - o anti-brilhantismo do sr. Brilhante que chefia nominalmente a seita no Parlamento. Santos Silva é o comandante geral da maioria, lá do alto da mesa, contra a Direita e a Esquerda, e o real aliado estratégico do Chega com quem os assessores do PS fingem andar edificantemente "à porrada" nos corredores. Como tal, usa o cargo de presidente da AR para fazer comícios, comentários políticos e, sobretudo, autopromoção. Mais "útil" e "produtivo" do que isto era difícil.
Jurista