Há dias, e em menos tempo do que dura a bateria do meu telemóvel, assistimos a um terramoto no futebol. Quer dizer, acabou por ser um sismo. Melhor, um abalo... huh, pronto, foi mais um encontrão incómodo no Metro, em hora de ponta.
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Real Madrid e Juventus (dois clubes historicamente nojentinhos) lideraram a iniciativa - carregadinha de boas intenções, como qualquer comunicado feito à meia-noite dum domingo indica desde logo. Estes 2, rodeados de mais 10 clubes (4 deles com tantos títulos de campeão europeu como o Sporting), e anunciando ainda mais 3 misteriosos fundadores, conseguiram o inacreditável: colocar o Mundo inteiro ao lado da UEFA e da FIFA, organizações que fazem a Cosa Nostra parecer o Externato Os Pirralhinhos do Pinhal Novo. A demanda, cheia de palavreado vácuo, como salvar o futebol e enfrentar a pandemia e bláblá whiskas saquetas, conseguiu um segundo feito impressionante (e aqui coloco as ironias de lado): demonstrar que, apesar dos bilionários americanos e russos e árabes, que cavalgam o valor dos clubes que adquiriram assente na História dos mesmos... não fazem a mais pequena ideia do que significa, culturalmente, o desporto em que se movem. A demonstração massiva e exemplar dos adeptos ingleses, à cabeça, ou de figuras ilustres como os ex-capitães do United, Rio Ferdinand e Gary Neville, que não hesitaram em exigir a despromoção da equipa do seu coração, envergonhados com esta iniciativa torpe, é a prova de que o mérito, a honra e o esforço ainda contam, e que o futebol ainda é - por cada vez mais improváveis que sejam - um terreno onde os milagres acontecem. "Created by the poor, stolen by the rich".
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*Adepto do Benfica