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Após a covid-19 verifica-se um aumento generalizado do tráfego, o que tem preocupado os especialistas da matéria. E as taxas de sinistralidade rodoviária também vêm a aumentar, em particular, em meio urbano.
Paradoxalmente, estes dois diagnósticos situam-se exatamente num tempo em que as políticas urbanas promovem a descarbonização por meio da intermodalidade e da utilização de mobilidades mais sustentáveis, com investimentos em novas infraestruturas de transportes públicos e modos suaves.
A cidade do Porto não foge a este padrão. O tráfego aumentou de forma exponencial, as curvas das horas de ponta esbateram-se e os congestionamentos desenham longas filas de trânsito nos principais acessos.
É certo que são muitas as obras que existem na cidade, desde as linhas de metro, ao BRT da Boavista. Mas é tempo de se tomarem medidas estratégicas de âmbito global, como retirar o tráfego de atravessamento da VCI.
É urgente que esse tráfego seja rebatido para a A41 (CREP - Circular Regional Exterior do Porto), nem que para isso se tenham de rever as tarifas, quer da VCI, quer da CREP.
A VCI já foi absorvida pela mobilidade interna da cidade e transformada num infinito parque de estacionamento a céu aberto. De resto, há muito que refiro que deveria mudar de função e ser redesenhada num longo eixo verde urbano, onde a mobilidade suave e os transportes públicos sustentáveis fizessem parte das soluções.
As externalidades de uma cidade caótica, engarrafada, em total depressão de tráfego, tem implicações irreversíveis na saúde pública e na economia. Que se saibam tomar decisões mesmo quando são disruptivas.