Foi recentemente notícia, aqui no JN, o crescimento superior a 20% do trânsito automóvel no Porto, por comparação com o mês de setembro de 2019. Não obstante o trabalho meritório da Metro do Porto e da STCP, o uso do transporte individual continua a crescer, resiste ao aumento dos combustíveis e demonstra que algo terá efetivamente de ser feito, para mudar o paradigma de mobilidade na região.
Corpo do artigo
Neste sentido, emerge como grande obstáculo a situação da Via de Cintura Interna (VCI), uma infraestrutura que está manifestamente saturada, não tem capacidade para crescer e representa uma fatura social, económica e ambiental muito pesada para a cidade do Porto, que outras cidades de nível médio europeu não têm de suportar. Apesar de existirem alternativas, a VCI mantém-se como via preferencial no atravessamento de sul para norte do Douro, não por ser o trajeto mais curto, mas por ser o mais barato, seja para veículos ligeiros ou pesados. A título de exemplo, num trajeto de Grijó a Lavra, o custo com portagens é oito vezes superior pela A41.
Esta foi a conclusão do estudo que a Associação Comercial do Porto publicou em 2018 e que recomendava ao Estado uma gestão mais eficiente das vias alternativas à VCI, designadamente a A32 e A41, fixando o valor das portagens, não em função do número de quilómetros, mas antes de acordo com o tráfego existente. Uma medida de execução rápida, que ajudaria a mitigar esta realidade.
A solução estrutural para este problema passará, contudo, pelo alívio definitivo da pressão automóvel sobre o perímetro da cidade do Porto. Não é sustentável insistir no modelo atual, e as metas da descarbonização obrigam a respostas ágeis e concretas. É fundamental, neste quadro, que a "Infraestruturas de Portugal" intervenha sobre a VCI e concretize com a rapidez possível os investimentos previstos ao nível do transporte coletivo e intermodal, tornando-o mais eficiente, mais útil às pessoas e mais bem integrado com os modos de mobilidade suave.
Esta será a questão central que, esta tarde (17h30), será discutida na conferência "Como se move o Grande Porto no futuro?", promovida pela Associação Comercial no Palácio da Bolsa. Vale a pena participar e discutir a mobilidade que queremos para amanhã.
*Presidente Associação Comercial do Porto