<strong>Depressa demais.</strong>
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O ministro do Ambiente e da Ação Climática foi apanhado em excesso de velocidade numa estrada nacional e numa autoestrada. Na primeira, seguia a 160 km/hora, onde só é permitido viajar a 90 km/hora; na segunda, voava a 200, ou seja, 80 km/hora acima do estabelecido como limite legal. Matos Fernandes garante "não ter memória" de andar a queimar tanto combustível fóssil no caminho entre Aljustrel e Lisboa. Provavelmente porque costuma planar (ele e todos os ministros, na verdade), provavelmente porque quando somos apanhados em flagrante a fazer uma asneirada ensaiamos respostas descabidas. Descontado o péssimo exemplo dado por um governante a todos quantos são obrigados a respeitar as normas rodoviárias, o que é verdadeiramente censurável neste caso é isto ter acontecido a 5 de julho, apenas duas semanas após o acidente com o carro do ministro Eduardo Cabrita na A6 que matou um trabalhador. Ora, não tendo o titular do Ambiente justificado a pressa com qualquer tentativa para inverter a velocidade das alterações climáticas, sobra apenas como lição a impunidade e ausência de decoro com que alguns dos nossos representantes continuam a servir-se da sua condição para atalharem caminho. Qualquer que seja a estrada.
Devagar demais.
Os inquéritos em Portugal são instituições sacrossantas. Excessivamente detalhados (de molde a serem de mais difícil compreensão) e estupidamente longos. Foi preciso quase um ano para um inquérito (lá está) determinar que os responsáveis pelo desabamento num túnel no metro de Lisboa foram todos os envolvidos. Ninguém em particular, mas todos. Dez meses para chegar a isto. Agora vamos imaginar quanto tempo será preciso para que o inquérito ao intrincado acidente com o carro do ministro Eduardo Cabrita possa determinar a que velocidade seguia a viatura.
Diretor-adjunto