A fusão de Porto e Gaia que defendo tem um objetivo muito simples: dar ao Porto população (sobretudo população mais jovem) e território (sobretudo território de expansão ainda ordenável na lógica de uma grande metrópole) e dar a Gaia o estatuto de marca internacional.
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Para mim, a fusão de Porto e Gaia não pode ser confundida com um qualquer modelo de regionalização ou de governação da Área Metropolitana do Porto. E se circunscrevo a estas duas cidades a criação de uma grande metrópole urbana, capaz de ombrear com Lisboa na costa atlântica da Península Ibérica, é porque todos os estudos de opinião, designadamente uma recente sondagem divulgada pelo JN, não confirmam as dúvidas que Rui Moreira explicitou na edição de ontem deste jornal sobre a adesão de portuenses e gaienses à fusão dos dois municípios. Nessa sondagem, encomendada pela Câmara de Matosinhos , a maioria dos matosinhenses manifestava-se contra uma fusão do seu município com Porto e Gaia.
Como não me comprazo em exercícios intelectuais inorgânicos, a fusão do Porto e Gaia é para mim o registo pragmático de que ambas as margens do Douro ganhariam em ser governadas pela mesma equipa, num quadro em que as freguesias teriam competências delegadas e recursos financeiros acrescidos para desenvolverem ações de proximidade em áreas onde o conhecimento familiar resulta em qualificação dos serviços públicos e das suas redes básicas de assistência, saúde ou educação.
Moreira concorda que tenho razão quanto aos objetivos a atingir, mas acha que me engano quanto ao instrumento útil para os atingir. Não sei onde Moreira foi buscar matéria para essa duplicidade. Não tenho instrumento útil algum mas, em contrapartida, tenho a convicção formada de que, não estando a regionalização ao dobrar da esquina, a fusão de Porto e de Gaia é um passo importante para ganharmos dimensão e peso social, económico e, porventura e por último, político.
Esta é a despojada posição do portuense que sou, nascido na freguesia de São Nicolau, e que não aspira a outra coisa que não seja o melhor para a minha terra e os meus vizinhos. Por isso, acho irrelevante para esta discussão - que a seu tempo o JN há-de alargar a todos os seus leitores e à população em geral - a politização que o prezado colunista deste jornal se apressou a fazer do tema, chamando à colação quem não é nosso vizinho: Pedro Passos Coelho ou Miguel Relvas ainda não são chamados a este nosso assunto. Antes de chamarmos Passos e Relvas pecebamos se há a "outra banda", como diz Moreira. Para mim, não há: o F.C. Porto, por exemplo, está nas duas bandas. O TEP esteva numa e agora está na outra. E o Corte Inglés quis estar no Porto e acabou, e bem, em Gaia.
Eu só não quero é ver a banda passar.