Corpo do artigo
Um ex-autarca do Centro Histórico facultou-me a carta de uma moradora, que merece reflexão (pensar a cidade passa por entender como as pessoas que a habi-tam, a vêem, utilizam e conhecem).
Lê-se na carta: "Nascida e criada na Rua de S. Francisco, freguesia de S. Nicolau, sentia-me envergonhada por morar tão perto de dois monumentos importantes, como seja a Igreja de S. Francisco, como seja o Palácio da Bolsa, que eu co-nhecia só por fora. A Junta de S. Nicolau quis que eu conhecesse por dentro, aonde fiquei muito admirada em ter à minha beira coisas tão bonitas, por isso agradeço à Junta, ao fim de oitenta e um anos mostrarem essas maravilhas. Muito obrigado".
Vem-me à lembrança a frase de Agustina: "A cidade onde se vive é a que menos se conhece". Assim é e como se fala tanto em literacia, existe espécie de iliteracia urbana de quem vive na cidade. E não só patrimonial, mas também acerca da sua evolução histórica. Por isso, sempre defendi que o Sistema Educativo inclu-ísse uma área curricular destinada ao estudo de cada localidade.
Há anos, a Escola Augusto Gil (inspirada nos "Urban Trails" ingleses) elaborou um “Itinerário urbano da Baixa do Porto”, que oferecia a alunos e famílas um instru-mento de descoberta daquela zona. O conhecimento da cidade devia começar na Escola mas não só. Na tradição associativa da Invicta poderiam surgir instituições – com apoio autárquico - destinadas a proporcionar à população em geral (designadamente aos mais idosos) visitas a locais históricos, ao seu património e a parques urbanos. Porque a melhor maneira de amar o Porto é desvendá-lo.
O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA