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Queria hoje lavrar nesta página um protesto veemente contra os serviços públicos em Portugal. É uma vergonha. É uma tristeza. É uma indignação. Então não é que anteontem fui ao médico de família, num centro de saúde do Grande Porto, munido de um belo livro que ando mortinho por acabar de ler. Cheguei, sentei-me e ainda não tinha aquecido a cadeira (depois de ter trocado umas palavras com uma antiga colega que também esperava por uma consulta) e já estava a ser chamado pelo roufenho sistema de som. Contra a minha vontade, lá fui ao consultório e consegui resolver todas as questões que me apoquentavam. "As melhoras, sr. Luís Pedro", ainda disse a simpática médica. Irritantemente, quando saí da consulta, olhei para o relógio e ainda faltavam cerca de cinco minutos para a hora a que deveria ter entrado. Com prestação de cuidados de saúde deste calibre, não há plano nacional de leitura que aguente. E depois querem que os portugueses leiam mais, que melhoremos os resultados dos nossos alunos no PISA e que a indústria livreira tenha lucro. Haja decoro.
*Jornalista