Corpo do artigo
O caso que o JN noticiou, e muito bem, sobre as condições em que crianças estiveram a receber tratamento oncológico no S. João é chocante.
Primeiro, porque é uma situação vil e não devia ter sido preciso uma notícia para travar esta indignidade. Depois, porque o próprio presidente do hospital reconheceu que de facto as condições são "miseráveis", sem assumir nem responsabilidade, nem informar que medidas tomou para as evitar. Não conseguiu arranjar uma (uma!) sala para estes meninos?
É chocante também porque houve na Oposição quem tivesse coragem para fazer política com isto, fazendo pouco do sofrimento dos doentes e fazendo nada do passado recente em que deviam ter resolvido a questão.
E, para finalizar, porque o Estado, o deste e dos outros governos, que se apressa a resolver problemas bem mais difíceis (como encontrar os 17 mil milhões concedidos à Banca), incapaz de dar uma única explicação decente, se cobriu de vergonha na face dos dois ministros.
Há duas lições importantes a tirar daqui: as luzes trepidantes das summits e dos fogos de artifício em Bruxelas não disfarçam o cinzento escuro daqueles e de outros corredores decadentes; e sobre pessoas e números, há pessoas que são números e há números que afinal são pessoas. E há as pessoas que só pensam nos números.
JORNALISTA