Um dia morreremos todos de exaustão... de consumir. E talvez venha até a ser proibido festejar o Natal, porque o planeta já não aguenta tanta predação.
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Não é que tudo se passe no Natal, mas a loucura concentrada em tão poucas semanas é tão evidente e tão profundamente prejudicial à natureza e aos homens que o acontecimento que marcou o Mundo há mais de 2000 anos vai ser considerado como algo cuja celebração é preciso evitar.
A frustração vai ser muita porque gritaremos de raiva pela orgia em que nos impediram de participar. Pouco mais porque, afinal, já hoje mais de um terço dos americanos não sabe que acontecimento, exatamente, se celebra a 25 de dezembro?!
Espera-se que em Portugal as compras, apenas com pagamento eletrónico mais levantamentos em ATM, superem os sete mil milhões de euros. O responsável pela estimativa, da Associação de Comerciantes do Porto, diz que avalia o estado do comércio nesta época pela quantidade de sacos que vê na rua. Se pensarmos que quase todos são de plástico, arrepia......
Varremos o problema para debaixo do tapete dizendo "há pior"... E há!
Segundo o Centre for Retail Research, Reino Unido, no Natal de 2017 em França gastaram-se 59 mil milhões de euros, na Alemanha 67 mil milhões de euros, no Reino Unido 79 mil milhões de euros, no Canadá 39 mil milhões de euros e nos EUA 503 mil milhões de euros. Imagine-se a pegada ecológica de todos estes objetos.
Mas o drama é que o período de Natal foi sendo progressivamente envolvido e dois outros fenómenos consumistas brutais: a black friday e os saldos.
Os números repetem-se com a mesma grandeza asfixiante e o mesmo desperdício irreversível.
Não admira que Francisco tenha escolhido o tema para a sua mensagem de Natal. Taparam o Menino de plástico, vidro, laços e lixo. Os presépios são já e apenas peças de decoração. Ninguém parece importar-se sobre o seu significado. Poucos O rezam e quase ninguém O contempla!
E, no entanto, como não cessa de lembrar Francisco "O pequeno corpo do Menino de Belém lança um novo modelo de vida: não devorar nem agarrar mas partilhar e dar".
Analista financeira