O futebol é um afrodisíaco para a política nacional. Irresistível e inebriante, a bola hipnotiza dirigentes políticos, que atiram para trás das costas o bom senso, se o bom senso impedir que uma bola role em relvado português com projeção internacional.
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A nacional-parolice não se exibe em marquises, demonstra-se com os rins partidos pelas fintas dos estrangeiros que aterraram, pontapearam e partiram, sem olhar para trás. Ficámos com a bola furada na mão e a coçar a cabeça: afinal, o que é que nos aconteceu?
É simples: fomos usados. E fomos usados porque nos deixámos usar. Duas equipas inglesas não puderam jogar em Inglaterra, porque Boris Johnson não quis ceder nas restrições que impôs no seu país. Mas em Portugal está tudo OK, no problem my friend, come to Portugal, Portugal is very nice. Fossem portugueses em Londres a saltar em tronco nu em cima de uma mesa de esplanada e seriam detidos e expulsos.
A mais velha aliança serviu para uma nova traição de confiança. Eis a lição que Costa já devia saber há muito e que é um provérbio inglês: "Beggars can"t be choosers".