Agora que já todos ficamos a conhecer a estilista norte-americana Tory Buch (ou Tony Brush ou Tory Burch?) pelas suas camisolas, que começaram por ser mexicanas e acabaram poveiras, vamos ao que interessa: os portugueses!
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Quando se trata de vestir a camisola não me parece que haja outro povo como nós. Seja a da seleção, seja a poveira, quando alguém nos espicaça o orgulho nacional, saiam de baixo, fujam para longe.
Esfarrapamo-nos todos por essa espécie de farrapo nacional que é a nossa camisola. Com ela trajados, vamos até ao fim da rua, vamos até ao fim do Mundo (obrigado, TSF) e agora com a Internet e as redes sociais é muito mais fácil.
No tempo das caravelas eram outras as dificuldades, mas a mesma cruzada. Cruzar mares e continentes para descobrir meio mundo e deixar-nos conhecer pelo outro meio. Agora são outros os meios, mas a mesma vontade. Contra os infiéis e contra os que não acreditam que os portugueses não gostam de ser copiados. Nem desmazelados. Nem esquecidos na hora dos louros.
Imaginem o que seria se na cerimónia de entrega das nossas medalhas no último Europeu de Pista Coberta tocassem o hino de Cuba ou da Guiné em vez da Portuguesa! A partir do momento em que vestem a nossa camisola, não interessa onde nasceram nem de quem são filhas.
Mas o caso tem tudo para piorar, quando nos querem roubar o que foi nosso antes de ser do Mundo. Quando atacam a nossa autenticidade, pondo-a à venda sem nos dar cavaco. Nem royalties. Comercializar a possibilidade de vestir a nossa camisola sem que a camisola seja nossa já era grave. Quando ainda por cima se confunde o Mundo trocando a Póvoa de Varzim por um desconhecido pueblo mexicano, passa a ser um crime de lesa-pátria. Porque lesar as gentes poveiras é lesar todo o povo português.
Podemos andar distraídos com a pandemia ou entretidos a dizer mal uns dos outros que, quando alguém de fora nos pica, o que um diz dizem todos. Na hora da picadela dizemos todos presente, sobretudo se é o passado que está em causa. Tivéssemos já nós uma vacina nacional e viesse alguém dizer dela o que nós dizemos das outras, não haveria um único português que não estendesse o braço arregaçando a manga. Despir a camisola é que não. Nunca. Nem aqui nem em nenhum site do Mundo. Ouviste, ó Tory Bruch?
Empresário