É visível, no Porto, a deficiente gestão da via pública. Alguns exemplos de soluções erradas e incompreensíveis face ao anterior significado de funcionalidade urbana, ruas Fernão de Magalhães e Álvares Cabral, a primeira um arruamento rápido de saída da cidade para norte, Campo 24 Agosto (antigo Poço das Patas) Areosa; a segunda de ligação rápida a Cedofeita, Praça da República (antigo campo de armas), num caso e noutro dando origem a confusa funcionalidade sem ganho de mínima mais-valia.
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Neste momento a confusão instalou-se na Avenida da Boavista, a propósito da criação de rede "Metro Bus", que vem com 30 anos de atraso pelo menos e de duvidosa utilidade. Consta que derivará para Gomes da Costa, absurdo urbano funcional e paisagístico, o que mostra que quem pensa nisto da gestão da via pública não sabe do que trata mas poderia ouvir os interessados ou quem sabe.
Obras custam dinheiros de todos e incomodam o cidadão, mais ainda quando mal pensadas e executadas, pois não são só os custos financeiros mas as perturbações de execução e futura má funcionalidade urbana. De que o "mexilhão" é sempre o mesmo e os senhores autarcas deviam sabê-lo.
A urbanística da cidade já teve momentos altos, com Garrett e Auzelle e respectivos planos directores, Machado Vaz e os Bairros camarários, possíveis graças à visão urbanística de Almeida Garrett, o parque da Cidade e o centro histórico, o movimento cooperativo e a sua acção económico-social, as ligações da rede urbana central de tráfego à Cintura Interna e a nascente e poenta da cidade, tudo matéria pensada e que hoje não se vê fazer.
Não quer dizer que o planeamento da cidade ande ao "Deus-dará", mas tem de haver articulação atempada e real com a gestão urbana, incluindo via pública e seu tratamento, pois de "burocratas funcionais" está o País (e a cidade) cheios e o geral do cidadão farto.
*Arquiteto e professor