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Não faço a menor ideia se o Governo fica se cai. Não sei se somos gregos ou troianos e também já me apetece ir dormir para que me acordem só quando o Parlamento falar e o presidente mandar!
Mas lá tomei conhecimento do novo Governo. Olhei-o como se nada fosse. Como se não fosse de "balança e cai" ou como se não fosse para durar "no matter what". Olhei-o assim como um Governo mais, o XIII que vem a seguir ao XII.
E ainda bem. Porque é mesmo disso que se trata. Mais do mesmo! Sempre mais do mesmo!
Primeiro. Não chega a ser politicamente correto. São 11 homens e quatro mulheres. Sendo que uma, claro está, vai tratar da igualdade de género! E lá se vão as várias dezenas de parágrafos que o programa eleitoral da coligação dedica à estafada preocupação com o potencial feminino da Portugalidade. Mas à esquerda é igual. A ideia de ter uma mulher a presidir à Assembleia da República durou uma legislatura e sabe-se lá quando se repetirá.
Segundo. É completa e inexoravelmente incorreto no que diz respeito à cobertura territorial. Portugal é Lisboa e o resto é paisagem, e paisagem muito remota e ignota pois não gera um só ministro. Tudo se joga entre a Faculdade de Direito e Católica, de Lisboa, claro, que os estudos nos outros lados não nos predestinam para os mais altos cargos da Nação. Na verdade temos, aqui no Norte, direito a um ministro que à força de o ser já nos esquecemos que é de cá. E temos a honrosa exceção da senhora ministra da Educação que se arrancou a Coimbra. Espero que não seja por isso que o lisboetíssimo sindicato (Fenprof) lhe deseja já uma meteórica carreira política de 23 dias úteis!
Terceiro. É um calcado e recalcado exercício quanto à orgânica governativa. Talvez não pareça a melhor hora, ou talvez seja mesmo a mais importante para o fazer, mas a eterna orgânica governativa deste país continua a cimentar uma verticalidade setorial que impede a boa aplicação das políticas e a sua avaliação e, o que é pior, não responde, de todo, aos problemas estratégicos ou operacionais do país.
Não era altura para chamar à responsabilidade gente de todo o país num exercício de união nacional, não era altura de inovar a sério na orgânica governativa, tornando o ónus do eventual chumbo ainda mais pesado?
Depois admirem-se se muitos quiserem pagar para ver!
Não era altura de inovar a sério na orgânica governativa, tornando o ónus do eventual chumbo ainda mais pesado?
Depois admirem-se se muitos quiserem pagar para ver!