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A internet, a facilidade na mobilidade, as companhias low cost, o fenómeno das redes sociais, provocaram o aumento súbito e generalizado de turistas. Este boom chegou ao Porto, e temos de reconhecer efeitos positivos, face a um centro histórico que estava carente de intervenção urbana.
Contudo, rapidamente, a Baixa e o Centro Histórico reduziu-se a uma exaustão turística, com a expulsão de tantos residentes para a periferia.
Por vezes sinto que os portuenses querem a cidade dos turistas, mas sem os turistas, o que remete para a premência de uma reconciliação da cidade com os seus habitantes. Mas tudo se resolverá, ou o Porto não tivesse uma história secular, que o tornou internacionalizado. Isto exige novo planeamento e comunicação.
Dispersar, sem perturbar o lugar, será a solução que a Câmara Municipal do Porto está a estudar. A vereadora do Turismo, Catarina Cunha, quer distribuir os turistas pela cidade, construindo territórios âncora que tenham histórias para contar. E o Porto tem tantas! Temos lugares físicos e sociais ímpares, que, com belas narrativas, podem mostrar o Porto invisível.
Desde o Porto burguês, ao industrial. Do Porto do conhecimento e das universidades, ao gastronómico. Do Porto dos rios e linhas de água escondidas, aos jardins românticos e das quintas. Do Porto da arquitetura tradicional à contemporânea. Do Porto da mobilidade do americano, às pontes que abraçam o Douro. Tudo isto dá rotas incríveis!
No fundo, um driver diferenciador e genuíno que, sobre novos lugares, cruzem redes de novas experiências.
Não podemos continuar a ver turistas a tirarem fotos entre si. Esta cidade sem pronúncia, não é o Porto!