Está um dia de sol, as pessoas parecem cautelosas e os números publicados são satisfatórios.
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Mas aqui no Porto, continuo desconfortável com o que ouvi da boca do primeiro-ministro.
Quando as recomendações europeias vão no sentido de avaliarmos em conjunto três dimensões do problema para decidirmos como desconfinar, o número de novos contágios, a utilização da capacidade instalada do SNS e o número de testes e rastreios a implementar, António Costa cingiu-se apenas aos primeiros.
Por agora podemos esticar o pescoço para fora da toca, mas se atingirmos 120 casos por 100 mil habitantes a 14 dias e o R for superior a 1, temos de rever as medidas. E a piorar a partir daí teremos de voltar a fechar.
Deixa-me muito insegura até porque 65% das infeções são já com a variante inglesa, com muito mais rápida transmissibilidade e porque como disse o primeiro-ministro partimos de 105 novas infeções por 100 mil habitantes a 14 dias. Estaremos a rever a coisa daqui a 15 dias porque não conseguimos rastreadores ou testes suficientes para controlar os surtos?
A pergunta não é tola. Pensa-se no papel da abertura das escolas nos novos contágios e fica-se preocupado porque a operação de testarem em massa foi cancelada.
Mas talvez a maior preocupação venha mais uma vez da obsessão em tudo decidir por igual a partir do Terceiro do Paço.
Porque diabo é que o Algarve, que de 1 a 12 de março teve menos de 300 novos casos acumulados, tem de ter tudo fechado nos mesmos moldes da região de Lisboa que apresentou mais de 3000?
Porque diabo nem sequer dentro da administração do Estado é possível delegar as decisões, fundamentando-as no conhecimento mais perfeito que a proximidade garante?
Então não poderiam as ARS regular o desconfinamento à escala das regiões, coordenando-se com os municípios?
Às tantas, corria bem e era um precedente perigoso.
Portanto, que se resigne o Amieiro, terra que não teve qualquer caso de covid, e feche tudo como os outros, que isto ou comem todos ou...
*Analista financeira