Construir um cabaz de propostas mais ou menos megalómanas faz parte dos manuais políticos da gestão de expectativas de qualquer campanha eleitoral. Se a transmissão de mensagem for convicta e protagonizada por candidatos mediáticos tanto melhor.
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Eis o ponto.
Partidos políticos e movimentos independentes, cada um à sua maneira, encharcam os microcosmos populacionais de ruído feito de promessas. Tentam atrair os eleitores para programas de governação local, ao nível municipal ou de junta de freguesia, sem jamais decalcarem a austeridade imposta ao Poder Local pelo Poder Central. São só facilidades....
O debate em curso acaba, enfim, por obedecer a técnicas básicas, não dispondo os eleitores, sequer, da capacidade de clarificar alguns compromissos essenciais para a governação de proximidade nos próximos quatro anos. A "excitação" reinante em torno dos estudos de opinião é o exemplo acabado de como a discussão se faz de forma simplória, quase ao jeito da antevisão de um Benfica-F. C. Porto.
Curioso: na antecâmara de quaisquer eleições legislativas o discurso protagonizado pelos líderes políticos - e a concomitante abordagem dos analistas - faz-se em muito pela garantia de governabilidade futura. As maiorias absolutas, as coligações possíveis, estão sempre presentes.
Sim, as autárquicas dispõem de outro alcance - mas não fogem à necessidade de maiorias para o exercício do poder estável. E esse é um défice de discussão em plena campanha a merecer a reflexão dos eleitores. O resultado das eleições, concelho a concelho, freguesia a freguesia, não se limita ao registo de um triunfo pela obtenção do maior número de votos. Há um risco de existirem vitórias de Pirro que convém não negligenciar. Como há cenários de coligação a exigir a ponderação dos cidadãos eleitores.
Por agora a intervenção pública dos candidatos autárquicos, caso a caso, tem passado pelo problema como cão por vinha vindimada. E deve-se-lhes exigir uma clarificação: afinal, o que advogam no caso de obtenção de vitórias incapazes de garantir um executivo monocolor?
Ficava bem a muitos darem tal explicação - ainda que desviada do manual de campanha pensado para apanhar papalvos.
E num mesmo nível de exigência sobra ainda outro esclarecimento a prestar pelos cabeças de lista dos vários partidos políticos e movimentos independentes: no caso de saírem derrotados no ato eleitoral vão exercer as funções de vereadores e de membros das assembleias municipais ou ao virar da esquina batem com a porta e assiste-se a um processo de substituição sucedâneo a acabar no assumir de funções pelos reservistas das reservas das várias listas?
A esmagadora maioria dos candidatos, até quando confrontados pela Comunicação Social, usam uma técnica gasta: patati,patatá, estão para ganhar e, por isso, não faz sentido responder....
Pois. Mas faz mesmo sentido.
Em nome da transparência de processos e da aquisição de credibilidade junto dos eleitores.