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Com o presidente da República praticamente “fora de jogo” - por imperícias próprias que ele parece explorar até ao paroxismo e por causa do absolutismo socialista -, vive-se um momento estranho na vida pública e na sociedade portuguesa. Esta comporta-se como um corpo nacional alienado, aparvalhado, sem vontade própria, anestesiado e rebocado a bel-prazer pela imensa agência de comunicação e publicidade chamada “Governo da República”, paga regiamente pelo Orçamento do Estado e pelo PRR. Um Governo que sabe com o que conta e que fomenta, com a ajuda domesticada da generalidade da comunicação social, essa indiferença torpe através das suas longas paradas de anúncios, mistificações e dissimulações que ninguém parece interessado em escrutinar, auditar e avaliar. Ministros e ministras que só existem porque o primeiro-ministro os mantém, ora aparecem pelas piores razões (Cravinho, a da Agricultura, a miúda da Habitação, o Costa da Educação), ora para a propaganda eficaz (Medina, um sedutor das oposições desvalidas, a referida miúda, a Silva da Presidência, o próprio chefe do Governo), ora nem para uma coisa nem para a outra (outra vez o Cravinho enquanto MNE, a do Ordenamento, as improváveis da Justiça e da Defesa, o sr. Galamba, o rosto político da anunciada venda ruinosa, para os contribuintes, da TAP - a última vez que o viram foi em Alcântara a almoçar jaquinzinhos com o chefe). Depois temos o Parlamento, dominado pelo PS e pelo sinistro presidente da agremiação, que não passa de mera câmara de ressonância do totalitarismo socialista. Chumbam tudo, até as observações socialmente pertinentes e as dúvidas políticas do chefe de Estado. A administração pública central está colonizada, sovietizada e medíocre. As empresas públicas também. Passa-se por cima de escândalos rapaces como cães por vinhas vindimadas. Os poderes de controlo, jurisdicionais e da própria administração, ou perderam prestígio, ou perderam a independência crítica, ou estão inermes ou as três coisas ao mesmo tempo. Depois, o individualismo idiota que grassa na sociedade contemporânea, amorfo, atomista, desprovido de bases culturais e espirituais, ajuda a este triunfo da impunidade socialista. Os esbirros e os lacaios de serviço andam por aí, como rafeiros, pelas redes sociais com perfis falsos, pelos comentários anónimos dos jornais e alguns, mesmo, nas televisões, de cara estúpida e sem vergonha erguida para as câmaras complacentes. Chamo a este estado bafiento de coisas, a esta debilidade democrática, o “antonismo-costismo”, na linha dos totalitarismos de designação composta do século passado. Tal qual o camarada Estaline, Costa pelos vistos vive no coração dos portugueses. Viva!
O autor escreve segundo a antiga ortografia