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Foi, confesso, com alguma surpresa e enorme contentamento, que soube da proeza do Vasco da Gama em subir à Liga principal do basquetebol português. Na espécie de deserto desportivo em que o Porto se transformou, no plano competitivo, um clube fundado em 1920 por operários do Bairro Herculano, que sobreviveu à hecatombe do despovoamento da cidade, mais a destruição, nos anos 50, do seu emblemático recinto no Parque das Camélias, e conseguiu resistir é memorável.
O Vasco – como os tripeiros o designam – é o símbolo associativo entranhado do Burgo. Significa, em primeiro lugar, a identidade da Rua Alexandre Herculano. E, depois, o fruto da perseverança de dois vultos inesquecíveis que construíram uma “Escola” desportiva: Alves Teixeira e Manuel Nunes (com dignos continuadores). Começando com várias modalidades, as sucessivas vicissitudes e a própria localização tornaram-no baluarte de uma “academia” que, a partir da intensa profissionalização do basquete, se converteu em fornecedor de talentos para outros clubes.
O seu hino, adaptado do revisteiro “Xaile e Lenço”, cantava: “No Bairro Herculano / há um grupo veterano / que é o Vasco da Gama. // Há uns tempos para cá / no Norte não há / grupo com mais fama”. Finalmente, ao fim de longa espera, ou jejum, que parecia um “imenso adeus” (citando Chandler) resta pedir a S. Pantaleão, um dos padroeiros daquelas bandas da Sé, que ajude o Vasco a aguentar-se na 1.ª Liga por muito tempo. Para o bem da cidade.
O autor escreve segundo a antiga ortografia