Vivam os advogados brasileiros
Um engenheiro, um padre, um médico e um advogado discutiam entre eles quem seria mais importante. A conversa era em torno de um conceito em alta na bolsa de valores da atualidade: o caos.
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Sairia vencedor quem melhor demonstrasse controlá-lo. O engenheiro, prático, tomou a palavra, nós controlamos o caos da natureza, a maior importância é essa. Nem pensar, surgiu o médico, convicto de seus humores, mais importantes somos nós, os que controlam o caos do corpo humano. O padre, indignado, afirma perentório, brandindo a sua fé, mais importantes somos nós, os que cuidam do caos da alma, sem uma alma serena todos ardem no inferno.
No final, usando a sapiência que aconselha a falar em último lugar, o advogado esperou tranquilamente que a discussão terminasse. Levantou-se solenemente e, com formalíssima dignidade, disse: nós somos os mais importantes, nós inventámos o caos, apenas nós o poderemos controlar.
Foi o professor Avelãs Nunes, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, a demonstrar-me a contrario sensu a vantagem do uso da palavra sobre a ação e da inteligência sobre a força.
Apesar de muitas vezes culpados pelas burocracias com que nos desesperamos, a verdade é que sem advogados, sempre que o conflito irrompe em nossas vidas, estaríamos perdidos. Nós como indivíduos, mas sobretudo a sociedade como um todo.
Hoje o Brasil celebra o Dia do Advogado num contexto muito especial e, neste mundo poluído por whatsapps, gabinetes de ódio e fake news, onde o caos ganha diariamente novas e inesperadas formas, os advogados mostram ser a classe mais bem preparada para ajudar a sociedade brasileira a encontrar novos equilíbrios que garantam a sobrevivência da democracia no futuro.
*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos