Parasitas. Não, não é o filme coreano que surpreendeu o mundo ao ganhar quatro Oscars na madrugada de ontem. Nem um senhor que tem nome de desenho animado ou de uma onomatopeia de banda desenhada: Bong! Estamos a falar de quem come ou vive custa de outro ou de outros, conforme está escrito no dicionário. Também pode significar inútil e supérfluo. Do grego parásitos, que come à mesa de outro. Toda esta introdução para classificar a leviandade com que os deputados debateram as mais de mil propostas de alteração ao Orçamento do Estado. Como os parasitas fazem tão bem, assistiram-se a jogos de sobrevivência e de estratégia para continuarem vivos, mesmo que à custa das famílias e das empresas, afogadas em impostos. Estes parasitas não puxam pela economia, apenas entregam a quem mais barulho faz e mais poder reivindicativo tem. À Direita, escandalize-se quem voltar a ouvir o CDS ou o PSD criticar o Governo por excesso de carga fiscal. Tiveram a oportunidade de a baixar. Não só pela sua performance no tema do IVA da eletricidade, mas também pela ausência absoluta de propostas para reduzir a fiscalidade, principalmente das empresas, o motor de qualquer economia. No IVA da luz, o PSD perdeu-se na noção daquilo que realmente queria lutar e o CDS, taticamente, colocou-se ao lado do Governo. À Esquerda, as nuances são diferentes mas não deixam de ter semelhanças à comédia negra com assinatura do realizador sul-coreano Bong Joon-ho. O PCP, em vias de mudança de líder, apesar de Jerónimo de Sousa dizer que não vai "calçar as pantufas", não está interessado em eleições e, por isso, está de pedra e cal no apoio a Costa. O Governo conseguiu dividir para reinar e prometer que para o ano é que é a verdadeira baixa de impostos. Deveria ser para ontem. Precisamos de investimento e esse não é o Estado que o faz. Pelo contrário, pesa e de que maneira.
*Editor-executivo
