Não há nada melhor do que começar o sábado com uma frase feita: "A vida é uma longa caminhada".
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Dando como verdadeira a expressão e depois da notícia da morte de uma tartaruga com 344 anos, a mais velha de África, deduzo que andar devagarinho aumenta a longevidade, com tudo o que isso encerra de bom e mau. Se por um lado a ideia de viver até ser velhinho é desejo próprio da condição humana, a morte tardia pode envolver autênticos cataclismos económicos - como de certa forma explicou Saramago em "As intermitências da morte" - sobretudo no que concerne à capacidade financeira da Segurança Social para pagar aos reformados. Está-se mesmo a ver que se fôssemos como as tartarugas alguém nos obrigaria a trabalhar até aos 330 anos, ou acabaríamos penalizados na pensão ao fim do mês. De qualquer maneira, não há como fugir aos três séculos e meio da tartaruga, uma novidade desagradável para velocistas como Usain Bolt, que tem fama e dinheiro, mas é, por andar muito depressa, forte candidato a morrer mais cedo. E como não há nada melhor do que terminar a crónica de sábado com uma frase feita, toma lá, Bolt: "Devagar se vai ao longe".
Jornalista