Depois de três semanas de pausa, os alunos regressam amanhã à escola, com os números de casos a baterem recordes diariamente. O simbolismo do momento é gigantesco, por muito que os últimos dias nos tenham preparado para uma mudança de cenário. Enquanto até há pouco só raciocinávamos em função de restrições e de potenciais confinamentos, entrámos numa nova fase em que estão alteradas regras de isolamento e excluídos encerramentos de escolas ou turmas.
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Não há indicadores objetivos do impacto da pandemia no ensino e mesmo os números do abandono escolar resistem bem no último ano letivo, embora possa ser cedo para celebrar, como hoje nos explica em entrevista a presidente do Conselho Nacional de Educação. Sobram, contudo, sinais de que houve um agravamento na saúde mental, reforço de desigualdades sociais, problemas na socialização de crianças e jovens. E, sim, a socialização é uma missão da escola, tão importante como outras.
Do ponto de vista sanitário, esta crise exigiu que nos focássemos na proteção dos mais velhos, vulneráveis à severidade do vírus. O que os mais novos perderam, por não se medir em relatórios diários de doença, acabou por ser minimizado. Pior, foram em muitos momentos de crise apontados como irresponsáveis, limitados nos seus movimentos, responsabilizados por contágios.
Como disse o presidente da República na mensagem de Ano Novo, é tempo de virar a página. As decisões esta semana anunciadas pelo Governo são equilibradas e fundamentadas cientificamente. Conviveremos com o vírus com uma maior proximidade e normalidade. E para isso as decisões políticas são um primeiro passo, mas cabe-nos interpretá-las diariamente. Este é o tempo de vivermos mais, sem descuidos mas também sem pavores desnecessários. E de apontarmos menos o dedo a quem viaja, vai ao futebol, sai para um espetáculo ou discoteca. É possível manter uma atitude preventiva e ainda assim seguir em frente. Parece simples. E está ao nosso alcance conseguir que seja.
*Diretora