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A vitória avolumada na Vila das Aves não se esconde apenas no nome diminutivo do adversário, na sua permissividade ou na incapacidade para fazer mais. Ao contrário do que tantas vezes sucede, o F. C. Porto não entrou para medir o jogo e decidir com o tempo numa segunda parte à desgarrada. Foi nos primeiros 45 minutos que a história do jogo encontrou o seu desfecho com uma equipa a todo o gaz, duas bolas nos ferros, impacto no jogo e domínio avassalador. Há muito tempo que tal não se via, muito menos com estes números.
Independentemente do impacto, há um factor diferenciador que se ilumina como referência no ataque azul e branco, com sotaque espanhol e pronúncia invicta, sem margem para dúvidas na aura dos predestinados. O sentimento de baliza não é só um predicado de Samu, é também uma motivação para quem o alimenta. Mesmo em 14 minutos, com o pé direito, pé esquerdo e cabeça.
Para além do “hat-trick” de Samu, o segundo mais veloz da história azul e branca, há duas notas que repicam à laia de estreia e de regresso. Fábio Vieira conquista a titularidade pela primeira vez e pertencem-lhe alguns dos melhores pormenores do jogo. A qualidade de Fábio Vieira é indiscutível e acrescenta profundidade de passe, largura e visão de jogo. Do génio, nós já sabemos; da presença física e impacto no jogo algo se percepciona em crescimento caso toda a sua vontade esteja no Dragão. O regresso de Namaso, numa dupla inédita com Samu, é mais uma tentativa (bem-sucedida, em parte) de Vítor Bruno para trazer uma nova mistura para o baralho das cartas, aportando capacidade de jogar de costas para a baliza, servir extremos e dar mais entrega colectiva do que aquela que Iván Jaime tem conseguido, libertando Samu das marcações que serão cada vez mais cerradas. De Mora, o primeiro de muitos.
*Adepto do F. C. Porto
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)