Voluntariado e cidadania
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Ser voluntário é dar. Mas dar aquilo que se é, como se é, com as horas boas e más. No fundo, o voluntário dá-se.
Esta reflexão resultou da minha participação na “Conversa de Amigos: voluntariado e cidadania” na Junta de Freguesia de Bertiandos (Ponte de Lima), no dia 18 de agosto.
Tive o prazer de ter dois magistrais co-oradores (António Leitão e Fernando Caldas) que ilustraram com exemplos de vida e sobretudo de motivação o que é ser voluntário. Desde o voluntário informal, que ajuda na espontaneidade, até ao voluntário institucional, que ajuda as organizações que ajudam. Mas tive sobretudo o prazer de aprender com os testemunhos da audiência. Testemunhos de quem deu e quer continuar a dar. De quem sabe que o voluntariado não é uma coisa fácil, desorganizada, com dias bons exclusivamente. De quem sabe que o voluntariado dói, não dá logo nem depois as melhores sensações, medalhas ou recompensas, que demora a organizar e a ter resultados, que demora a que tenhamos dias em que alguém nos diga que valeu a pena.
Mas o voluntariado vale a pena! Em média, uma em cada seis pessoas neste Mundo assumem que fizeram algo de voluntariado na semana que passou. Quanto vale isto em euros? Vale muito. Vale ainda mais naquilo que não conseguimos medir em euros. O sermos comunidade, o sentirmos a dificuldade que o outro não consegue confessar, a percebermos que aquela pessoa, que julgávamos tão distante, afinal pode ser tão próxima. E ser próximo tanto é o samaritano como o homem caído no caminho.
A nossa civilização de profissionais tão exigentes e tão bem pagos começou por ser uma civilização comunitária. De amadores que se disponibilizavam para guardar a tribo enquanto uns dormiam, para educar os mais novos enquanto os outros recoletavam, para cuidar enquanto o caminho era feito por todos. No fundo, começámos a ser civilizados quando começámos por ser voluntários.