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O CDS tem ideologia, bases e quadros. Dispõe de um grupo parlamentar feito de talento. Reforçou a representação autárquica ao longo dos últimos anos. E historicamente ocupa no espaço político do centro-direita, por esforço próprio, uma relevância que em governos, como na Oposição, nenhum outro partido foi capaz de substituir.
O CDS não terá nos próximos tempos Paulo Portas na presidência. É verdade. Mas como legado relevante da sua liderança ficam aqueles a quem, a par de históricos, garantiu espaço e oportunidades, deixou crescer e caucionam o futuro que se deve encarar com confiança e passará, como antes, também pelo Largo do Caldas.
Até Pedro Marques Lopes, com notoriedade consolidada à conta da má-língua - lamento não conseguir levá-lo a sério por muito mais, certamente por falha minha, que não lhe vislumbro no percurso de vida exemplos justificativos de melhor realce - foi capaz de o reconhecer, enumerando alguns nomes no DN, entre o desejado "RIP" ao partido e o fel a Paulo Portas.
Previsivelmente, não me trata com igual bondade. Não há que levar a mal, tanto mais que se limita a repetir o que há muito não esconde. Nem sequer pediria mais esforço na apreciação (invariavelmente pela rama), de quem abona em favor de José Sócrates, com a mesma facilidade com que dizia tão pouco sobre o caso do BPN, vá-se lá saber porquê.
Relevante é que se constate que o CDS não é, na verdade nunca foi, o partido de um Homem só. São muitos aqueles que o país inteiro distingue e trata pelo nome, invoca pelo mérito e empenho, na política e fora dela. Adriano Moreira, António Lobo Xavier, António Pires de Lima, Telmo Correia, Assunção Cristas, Pedro Mota Soares, Diogo Feio, Cecília Meireles, João Almeida, Nuno Magalhães, Hélder Amaral, Adolfo Mesquita Nunes, José Ribeiro e Castro, Anacoreta Correia, Abel Baptista, Álvaro Castello-Branco, Luís Queiró, Teresa Caeiro, José Manuel Rodrigues, Rui Barreto, Artur Lima, Manuel Campelo, tantos e tantos outros que na falta de espaço aqui não refiro mas seriam igualmente exemplo, de todas as sensibilidades e com visões programáticas nem sempre concordantes, mas que são amiúde lembrados como opções de liderança, porque o CDS, a começar, é feito de gente.
O CDS é uma escola de políticos que se notabilizaram durante a liderança de Paulo Portas e para além dela. Desde 1974 que assim sucede. Como desde 1974 algum comentário político antecipa que o fim do partido chegou.
Devo relembrar que se enganaram sempre. Felizmente para Portugal, enganar-se-ão uma vez mais.