Todas as condições estavam reunidas para um jogo com galo. Um adversário confiante, física e tecnicamente capaz, bem organizado, bons jogadores e treinador a viverem o melhor momento na época, soltos na classificação e sem pressão, prestes a fazerem história em Barcelos.
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Do outro lado, uma equipa com razões para sorrir mas cansada (bem evidente no ritmo da passada de alguns jogadores) acabada de ultrapassar a Lazio num jogo com exigência de Champions e com pouco ou nenhum tempo de recuperação e preparação, com jogadores excluídos por castigo e lesão (Pepe, Uribe e Grujic), obrigando à reformulação do meio-campo defensivo, à titularidade em estreia de Eustaquio, à limitação das compensações defensivas dos laterais que tão bem Uribe faz e Grujic replica. Por fim, a pressão adicional (boa pressão para uma equipa clarividente, o que não foi o caso) de saber que que o rival havia empatado, o que permitia alargar a vantagem para oito pontos que praticamente sentenciariam a Liga. Um autêntico match-point falhado, que sucede a um xeque-mate mal sucedido no empate com o Sporting no Dragão (jogo que, em caso de vitória, daria vantagem de nove pontos e supremacia no confronto direto). Um xeque-mate e um match-point. Duas hipóteses para ditar o desfecho antecipado da Liga que o F. C. Porto desperdiçou. Pode dizer-se que jogar contra 10 é diferente, remete o adversário para uma atitude defensiva desesperante (o que nem foi o caso) ou reforça a lógica do autocarro. Mas nunca será mais difícil do que jogar contra 11. E, como tal, o F. C. Porto a gasóleo queimado a equívocos que se arrastou nos primeiros 45 minutos, ficou a dever algo a si mesmo. Na segunda parte, todos tentaram de tudo, mas já o galo tinha anunciado que cantaria a fazer jus ao seu nome. Ficou a ideia de que a equipa se ligou tarde demais, de que Galeno tem que definir o que pode dar à equipa e de que Fábio Vieira podia dar mais se desse mais cedo.
Caudal ofensivo, bolas nos ferros, inúmeras oportunidades criadas, foram mais do que suficientes para ganhar. Mas o Gil, assuma-se, foi extraordinário.
O azar faz parte do jogo e a falta de eficácia também. Por isso é que a sorte dá muito trabalho. Precisamos de ser mais letais. Ou afastar 30 centímetros os postes da baliza.
Adepto do F. C. Porto