Cátia Domingues O verdadeiro papa-reformasO menino Carlos, como lhe chama a Cristina Ferreira, de repente tem de tomar decisões de crescido. E eu empatizo muito com isto. Somos oficialmente adultos quando temos na agenda três reuniões com empreiteiros para discutir o valor da aplicação de revestimentos. Quem diria que eu e o presidente da Câmara de Lisboa estaríamos na mesma situação?! O Carlos Moedas está com problemas numas obras na capital e eu também. A diferença é que ele precisa de construir um festival religioso num descampado e eu de remodelar um apartamento. Tanto o Carlos como eu temos necessidade de alguma brevidade no assunto e o raio do orçamento parece que está enguiçado: nunca mais pára de aumentar e ainda não se vê nada feito. Se bem que ao presidente da Câmara a fatura é capaz de só lhe chegar em 2025, por altura das eleições autárquicas.
Cátia Domingues Inospitaleiro Amadora-SintraAinda me lembro de quando se ia ao hospital quando se estava doente e se saía de lá curado. Que tempos esses. Hoje em dia parece que chegamos lá com uma gripe tal que não abrimos os olhos e zuca! Saímos de lá todos finos com um menisco novo.
Cátia Domingues Meia volta ao Mundo em poucos diasIsto é mais ou menos como aquelas composições que fazíamos no regresso à escola depois das férias. Fui ver como é o Japão e senti-me o Phileas Fogg, mas em vez de uma volta ao Mundo, dei meia e infelizmente não foram 80 dias, embora só a viagem de avião tenha parecido mais.
Cátia Domingues A mania do NatalLembram-se quando o Natal era sinónimo de paz e de amor? Saudades desses tempos em que a coisa mais revoltante que víamos na televisão, nesta altura, era a negligência dos pais do Kevin que se esqueceram dele em casa e foram de férias para Paris.
Cátia Domingues Cheias de desGraçaO país é mais uma das vítimas das consequências da pandemia. É verdade. Portugal tem sido afetado por várias depressões e parece que amanhã, segunda-feira, se prevê mais uma sequência delas. Têm sido semanas meteorologicamente complicadas para muitas regiões, algumas das quais também têm sido castigadas pela seca que se vive nos últimos anos. E eu consigo perceber bem isso, porque passo o mesmo com a minha torneira do duche: ora está demasiado quente, ora é um frio que não se aguenta. Voltaram a mandar-nos ficar em casa e só não voltamos a colocar arco-íris nas janelas porque com a água, a fita-cola não adere tanto.
Cátia Domingues Este Mundial foi bolaFaço parte daquele grupo considerável de pessoas que não percebe patavina de futebol mas vibra com os jogos da seleção: não somos bem adeptos, somos mais ineptos de futebol. Não sei o que é um cruzamento, não domino o conceito de trinco e não faço ideia de quem seja lateral-esquerdo, o melhor defesa-central ou se o Fernando Santos é bom selecionador ou não. Se ganhar gosto dele, se perder gosto menos.
Cátia Domingues Marcelice UniversoDepois de José Saramago na Literatura e de Egas Moniz na Medicina, Portugal tem-se tornado um sério candidato ao Nobel, desta vez o da Paz. Marcelo Rebelo de Sousa fez finalmente, na quinta-feira, linha no bingo do ativismo e diz que lá, na ONU, já o chamam de MarceLala. Não levou um tiro na cara pelo ensino feminino em território controlado por talibãs como a Malala, mas tem dado tiros nos próprios pés, e também aleija. Marcelo tem sido como o homem de Tiananmen, mas em vez de enfrentar sozinho um tanque de guerra para não o deixar passar, Marcelo, assim que vê um microfone, não o deixa ir a lado nenhum sem antes dar uma palavrinha sobre injustiças no Mundo. As próprias misses universo estão agora a rever os seus discursos, porque a fasquia está demasiado elevada. Aliás, quando, no jogo de Portugal com o Uruguai, interrompem a partida porque um indivíduo se lançou no campo com a bandeira LGBTQIA+ na mão, uma t-shirt em que na frente apoiava a Ucrânia e nas costas apoiava as mulheres no Irão, e ainda o continente africano tatuado na perna, pensei: "Este Marcelo, quando tem uma coisa na cabeça, ninguém o pára".
Cátia Domingues Período do nojoVamos começar com um jogo. Se eu vos der três comentários nas redes sociais, vocês conseguem adivinhar o tema da crónica? Concentrem-se. Aqui vai: "Com a falta de natalidade, esta medida vai provocar menos natalidade ainda!"; "É para tapar buracos ou para abrir outro buraco?"; "E vinho, não??". Exatamente! É feedback de cidadãos responsáveis à proposta do PAN que vai permitir que, em 2023, produtos de higiene menstrual sejam distribuídos gratuitamente a mulheres desfavorecidas.
Cátia Domingues Estou antePassadaEsta semana foi muito polémica e foram três os temas centrais: 1.º Meio mundo descobriu que, de repente, o Mundial de futebol vai ser num país que não é progressista; 2. O Cristiano Ronaldo decidiu dar uma entrevista a um jurado do Britain"s Got Talent onde falou mal do seu local de trabalho; 3.ºEu recebi os resultados daqueles testes de ADN que dizem de onde é que nós somos.
Cátia Domingues Isto só VistoEsta semana, entrou em vigor o visto para nómadas. Não, não estou a falar de ciganos. Estou a falar de juventude que trabalha pela Internet. Malta que vive em coliving, uma grande parte dedica-se a feiras de tecnologia e passa a vida a fazer puxadas, neste caso em qualquer lado onde dê para carregar o computador. E, como minoria nómada, os casos de preconceito contra esta comunidade começam a aumentar e já chegou a haver um ou outro incidente num café com acesso à Internet. É que podem não viver do subsídio, mas também pedir um abatanado e ficar acampado numa mesa o dia inteiro não dá com nada.
Cátia Domingues Acesso ao Mercadona de trabalhoA fase de acesso ao Ensino Superior está concluída. Infelizmente. Porque se fosse agora, aposto que muitos estudantes teriam pensado duas vezes sobre entrar numa licenciatura ou entrar no site da Europass e fazer um currículo para entregar no supermercado.
Cátia Domingues O sétimo mantimentoEsta semana, viralizou a imagem de latas de atum com alarme na prateleira de um supermercado. De repente, se houvesse globo de ouro revelação para produtos de retalho, o atum ganhava fácil. A par do papel higiénico, o enlatado foi um "must have" do confinamento, e com a guerra na Ucrânia, por conter peixe e óleo, tornou-se um produto de luxo. Para quê investir o dinheiro em certificados de aforro, quando podemos comprar meia dúzia de latas que ainda dão para forrar o estômago.
Cátia Domingues Marchas pouco popularesA Câmara Municipal de Lisboa apresentou uma ideia muito inovadora esta semana. Não, ainda não foi aquela que implica reforçar a recolha de lixo na cidade. Mas está lá perto, pois também envolve coisas que ninguém quer ver e que só nos preocupa quando está à nossa porta: pobres.
Cátia Domingues Larga que é ladrão!Tenho acompanhado pela televisão a história de um rei cuja vida é recheada de impunidades, eventos chocantes e teias de ilegalidades. Não, não estou a falar da nova série documental da HBO sobre a história do rei Juan Carlos de Espanha mas da vida do "Rei dos Catalisadores".
Cátia Domingues A falar assédioNão há nada que diga melhor que os tempos estão realmente mudados como o número crescente de denúncias de assédio e agressão sexual.
Cátia Domingues Metade mulher, metade vergonha alheiaUm Mundo possivelmente à beira de uma guerra nuclear, um período fortemente marcado por crises económicas e climáticas, mas felizmente ainda há muita gente dedicada aos temas importantes: diz que a "Pequena Sereia" vai ser preta.
Cátia Domingues Estudo Sem CasaEntrar na universidade tinha sabor de vida adulta. Era aquela altura em que, pela primeira vez, muitos de nós saíam de casa dos pais. Lembram-se da vossa vida de estudante? Recordam-se daqueles anos feitos de noites sem dormir? Parece que agora continua igual.
Cátia Domingues Isto são imagens reaisO passado dia 8 de setembro foi um dia muito importante para os monárquicos de todo o Mundo. Desde ingleses, portugueses e até para mim que, em assuntos de monarquias, sou mais pelo Rei dos Leitões na Mealhada, ali na Nacional 1. No dia em que desapareceu a responsável do segundo reinado mais longo da história do Reino Unido, apareceria a duquesa de Bragança numa corrida de toiros no Campo Pequeno.
Cátia Domingues Férias das fériasSetembro é aquela altura em que revemos os nossos coleguinhas, voltamos a fazer marmita para o almoço e estreamos dossiers para organizar as faturas para validar depois no portal das Finanças. Acabaram-se as férias de verão. Este ano, decidi rumar até a um resort no Caribe para matar as saudades do espírito da viagem de finalistas do Secundário: má comida e álcool com fartura, playlists com reggaeton o dia inteiro e festas da espuma.
Cátia Domingues Fechado para férias. Abre em setembroHoje é o melhor dia para casar sem sofrer nenhum desgosto, e vocês aqui. Quer dizer, espero que não estejam a ler isto enquanto esperam uma noiva no altar, até porque é capaz de haver uma ou outra notícia sobre a inflação e depois dão por vocês a pensar no balúrdio que vos vai custar o dia de hoje e quebra-se um bocado o ambiente. Se estão a ler isto e são convidados no casamento, esperem até ao tiro de partida para a mesa dos queijos e da cascata de camarão para encher o jornal de nódoas ou então aguardem até estar de gravata na cabeça ao som do "apita o comboio", porque é capaz de esta página ter mais graça.
Cátia Domingues O presidente de tod... quase tod... bom, alguns portuguesesAinda 2022 vai a meio e já há quem esteja a pensar em 2026. Eu não sei o que vou fazer hoje para o jantar, se faço ervilhas com ovos ou se aposto nuns panados com salada russa, mas parece que os meios de comunicação social começaram já a fazer sondagens sobre o futuro presidente da República portuguesa.
Cátia Domingues Quanto mais quente melhor, o tanas!Quem é que também está sem conseguir dormir há mais de uma semana por causa do calor? Têm sido dias complicados, especialmente porque a maioria de nós está a dormir só de cuecas e eu tenho visto muitos de vocês à janela de mamilo à mostra. Passo os dias a pesquisar dicas e truques na internet para combater o calor numa casa sem ar condicionado e vou partilhar algumas com vocês: fechar os estores durante o dia, colocar toalhas molhadas nas janelas para esfriar o ar que vem de fora e treinar a apneia para conseguir dormir as oito horas debaixo do duche frio. Se no inverno a minha casa tem a temperatura perfeita para conseguir congelar uma cuvete de perninhas de frango, no verão consigo assá-las no chão da sala. Eu já fui ao deserto do Saara e digo-vos: não me custou tanto como ir pôr o lixo à rua ultimamente. Ninguém me tira da ideia que a construção das casas em Portugal apresenta menos qualidade que casinhas feitas por legos por crianças do 1.º Ciclo. Para terem uma ideia, o meu carro é o local com mais qualidade de vida atualmente. Estou até a pensar em submetê-lo no Airbnb como T0 em bairro histórico com ar condicionado e boa capacidade de arrumação. E se esta altura do ano também entusiasmava pelas aventuras próprias da época, agora as temperaturas também vêm estragar todo o conceito de romance de verão, porque ninguém aguenta fazer conchinha numa tenda de corpo e meio.
Cátia Domingues Querido, mudei a São Caetano à Lapa Em altura de eleições, sejam elas quais forem, há sempre quem tente erradamente estabelecer uma relação entre renovação política e caras novas. Então, mas desde quando é que renovação significa coisas diferentes? O próprio "Querido, mudei a casa" quando vai a casa das pessoas aquilo resulta muitas vezes em colar papel de parede por cima e dar umas demãos no aparador. Em partidos não é muito diferente.
Cátia Domingues Prózis ou pró-vida, venha o Diabo e pró-escolhaOs Estados Unidos, os mesmos que defendem o direito constitucional de qualquer pessoa poder adquirir armas, revogam agora direitos das mulheres -...quer-me parecer que a estratégia americana para combater fundamentalistas islâmicos é afinal começar a fazer-lhes concorrência. Aliás, ficam a saber que nas próximas eleições, em vez de governadores, os americanos vão ser convidados a escolher o seu ayatollah.
Cátia Domingues SOS para o SNS A natalidade sempre foi um tema em Portugal e na pandemia os números voltaram a cair. Se antigamente havia mais filhos porque não havia televisão, podemos dizer que no confinamento houve televisão a mais. E videojogos. E ioga na sala. E pão caseiro que ficava tão apetitoso como uma sande mista feita com câmara de ar de bicicleta. Tudo isto é capaz de ter traumatizado alguns pais que até estavam a pensar em ter mais um, mas tiveram de ficar com os filhos em casa, ao mesmo tempo que estavam os dois em teletrabalho num T2 sem logradouro. A natalidade pode ter descido, mas o número de divórcios aumentou consideravelmente: mau para a sustentabilidade da Segurança Social, mas bom para a pequenada que de repente vai ter dois natais.