A Covid-19 continua a condicionar a nossa vida em sociedade de forma absolutamente determinante. Às preocupações com a saúde e limitações à mobilidade que, por si só, são já bastante disruptivas, adicionam-se as preocupações com a evolução da economia.
Corpo do artigo
Esta pandemia é imprevisível. Muitas dúvidas existem ainda sobre as capacidades de transmissão do vírus, as condições e duração da imunização dos infetados que recuperaram da doença e do tempo necessário para a produção e distribuição em massa de uma vacina eficaz.
É nestes momentos que nos apercebemos da importância da ciência e do Ensino Superior. É notável a mobilização destas instituições para encontrar soluções que permitam apoiar o combate a esta pandemia. Desde o desenvolvimento de novos testes para deteção da infeção, à criação de novos modelos de ventiladores, até à produção de equipamento de proteção individual, passando por muitas outras iniciativas de apoio local.
O investimento no Ensino Superior e na ciência compensa. Nestas circunstâncias é mais visível, mas a sua importância revela-se no dia a dia, formando melhores profissionais, fomentando a inovação, contribuindo para o desenvolvimento económico e tornando o nosso Mundo mais sustentável.
As dificuldades económicas que se seguirão à crise de saúde pública provocada pela Covid-19, terão uma dimensão que é muito difícil prever, nomeadamente porque não sabemos qual a duração da pandemia, mas também porque não existem modelos económicos diretamente aplicáveis a uma situação de paralisação quase generalizada da economia, com impacto quer do lado da procura, quer do lado da oferta.
Mas temos de ter consciência que, qualquer que seja a dimensão das dificuldades, o desinvestimento na ciência e no Ensino Superior terá como consequência o prolongar da crise, pela redução da capacidade de gerar soluções inovadoras que possam ajudar a recuperação da economia e reforçar a captação de investimento externo.
Uma economia como a nossa, muito aberta ao exterior, precisa de ser capaz de, através da inovação e da tecnologia, encontrar respostas à necessidade de uma rápida recuperação do PIB evitando mais uma década perdida. Era esse, aliás, o caminho que, com sucesso, estava a ser percorrido, com o suporte da ciência e do Ensino Superior.
*Presidente do Politécnico do Porto