A água é o princípio de todas as coisas. A fonte de vida e o combustível das espécies. Não vivemos sem água, mas continuamos a ignorar os sinais vitais de que algo de muito grave pode acontecer.
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As alterações climáticas e o aquecimento global são ameaças presentes, mas pouco se tem feito para as anular. Portugal debate-se há muito tempo com o flagelo da seca, mas é preciso enfrentá-la, adotar medidas integradas para promover a eficiência hídrica.
Precisamos de (re)aprender a utilizar a água. O verdadeiro desígnio ambiental do século XXI é reciclar e reutilizar.
O Governo anunciou recentemente a construção de uma central dessalinizadora no Algarve. Esse pode vir a ser um passo fundamental para prover um terço das necessidades de água na região. É uma medida aplaudida pelos autarcas algarvios e que vai permitir manter o Algarve na senda do desenvolvimento. Mas será suficiente? Não. Falta apostar em medidas preventivas mais robustas.
Mais do que construir uma política do ambiente, é preciso construir uma mentalidade ambiental. Mais do que apregoar progresso, é preciso educar mentes progressistas. Mais do que lamentar a ausência de chuva é centrar o foco na ação climática e sustentar a aplicação de práticas de poupança dos recursos naturais. Promover campanhas de sensibilização e ações em prol da eficiência hídrica. Só deste modo conseguiremos sobreviver e assegurar a vida das novas gerações.
A empresa Águas de Portugal desenvolve um programa nacional para a reutilização, que capta cerca de 100 milhões de m3 de água reciclada por ano para a agricultura, turismo e municípios.
Em cima da mesa continua a criação da barragem da Foupana, no concelho de Alcoutim. Uma solução à vista que ficou de fora dos investimentos do PRR. A Associação de Regantes do Sotavento algarvio quer assumir os custos do projeto.
A água é o elixir da vida e é nosso desígnio (re)aproveitá-la. É um recurso finito e está a acabar. Chove cada vez menos. A crise climática é uma realidade instalada e a ineficiência no uso dos recursos hídricos agrava-se.
É preciso reabilitar e renovar infraestruturas de água e saneamento em várias regiões do país. Imprimir um esforço válido para uma utilização eficiente da água. Promover a colaboração e a articulação entre os setores que mais precisam dela e convocar métodos não convencionais, como a dessalinização e a reutilização. A água já não cai do céu. No chão caem apenas suor e lágrimas.
*Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e Vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses