Vivida a pandemia, expectamos que o modelo de ensino ia evoluir. Porém, continuamos a observar a resistência à mudança e a perceção da tecnologia como a vilã. Com o estrelato do ChatGPT, é desta que vamos agarrar a oportunidade de repensar os contextos educativos?
Proibir esta ferramenta dirá muito sobre a forma como as Instituições de Ensino estão, ou não estão, preparadas para a mudança. Já não existe por onde fugir. A Inteligência Artificial (IA) chegou aos espaços de ensino, atualmente passivos, expositivos e pouco inovadores.
No início do século, quando a Wikipédia surgiu, o pânico em relação a trabalhos copiados instalou-se. No entanto, hoje temos normalizados os computadores em salas de aula, assim como os corretores ortográficos e as calculadoras científicas.
De facto, o ChatGPT economiza tempo na execução de tarefas académicas e orienta a sua realização. Porém, continua a ser uma ferramenta de complementaridade, à semelhança das que já existem. Os estudantes reconhecem que os algoritmos os podem tornar vulneráveis à informação desatualizada e formatados às mesmas ideias. Se não souberem o que estão a pesquisar e se não possuírem uma visão crítica dos temas, o robô de IA de pouco ou nada lhes serve.
O corpo docente precisará de encontrar novas formas de avaliar, como já havia feito quando o uso de calculadoras obrigou a alterar o tipo de perguntas. Temos que alcançar um ensino cada vez mais centrado no estudante e nas suas especificidades.
Um bom docente não será substituído pela tecnologia. Um robot pode transmitir ideias, mas somente isso, nunca as emoções e sensações. O púlpito do educador continua reservado aos humanos.
*Presidente da Federação Académica do Porto
