Há duas citações atribuídas a Estaline que aprecio particularmente. A primeira é "As grandes mentiras são 99% verdade" e a segunda também é boa.
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O recente aumento das medidas de prevenção e o intenso psicodrama "sociocovidístico" numa população quase completamente vacinada é, no mínimo, um exagero e no máximo um logro.
Todos sabem que o número de casos de infeções aumenta no inverno. Com ou sem pandemia, isso acontece desde que há frio, gripes, xarope da tosse e caldos de galinha. O que não é normal, e nunca aconteceu antes, é testar todas pessoas que tossem, espirram e têm um pedacinho de febre.
Diz o SNS que só entre 1 e 30 de novembro se realizaram 1,5 milhões de testes - uma média diária de 50 mil - o que corresponde a ter 15% dos portugueses a enfiar palitos no nariz para saber se têm covid. No último dia de novembro foram 117 mil; a 12 de dezembro 197 mil e por aí fora. E muito bem porque testar nos protege.
Mas como quem muito porfia sempre alcança, também quem muito testa mais deteta. La Palice não é tão bom como Estaline, mas neste caso vem bem a calhar. Como o número de casos detetados aumenta naturalmente na proporção dos testes efetuados, o número absoluto não é relevante. O que importa é a proporção. É diferente ter 10 positivos em 100, ou 100 positivos em 10 mil. 1% não é 10%.
Olhando os números percebemos facilmente. No mesmo dia 22 de dezembro, no ano passado tínhamos 3095 doentes internados, dos quais 508 nos cuidados intensivos; hoje temos 904 internados e apenas 153 em UCI. No ano passado, houve muito menos testes e não havia vacina.
A segunda citação é: "A morte de uma pessoa é uma tragédia, mas a de milhões estatística". Será esta a anatomia do ómicron? Afinal, quem é que lucra mais com esta pandemia?
*Especialista em Media Intelligence