O problema não está na indumentária. Está no vazio ideológico e programático. Na ausência de conteúdo. Na falta de solidez. No facto de a substância ser parca e a credibilidade ainda menor. É que chocar, provocar, desafiar não é política. É espetáculo. E o Parlamento não se fez arena.
A verdade é que o essencial se mantém por esclarecer. Ao que vêm, o que querem, como querem e para fazer exatamente o quê. Exibirem-se como o "verdadeiro partido verde, feminista radical", seja lá o que isso for, é curto. É poucochinho. Do período eleitoral ficaram somente as pretensões de limitar o uso do transporte aéreo e de impor o fim das aulas de Educação Moral e Religiosa na escola pública. Sobre o Serviço Nacional de Saúde, a reforma do sistema de justiça ou a sustentabilidade da Segurança Social, nada. Nem uma palavra.
Há dias juntaram-se uma meia dúzia na escadaria exterior da Assembleia. Reclamaram da República, achincalharam a bandeira, "símbolo do esclavagismo e do racismo" e deixaram cair meia dúzia de impropérios contra todos e sobre coisa nenhuma. É uma nova forma de intervenção política, alegam.
Mas não, não é. É, isso sim, sobrepor o que divide ao que pode permitir a convergência. É a opção pelo conflito em detrimento do consenso. É instrumentalizar a fragilidade da minoria. É transformar problemas sensíveis, como são as diferenças raciais e as questões de género, em armas de arremesso político. É fazer da divisão, força. É a apologia constante dos bons contra os maus, do nós contra eles. É uma visão do Mundo que se alimenta da desunião.
O problema nunca esteve na saia. O problema está em quem a veste!
*GESTOR
